A médica, que acompanhou as crianças após terem sido medicadas com o Zolgensma, respondeu ao PAN que a primeira consulta das meninas no Santa Maria não passou “pelo circuito habitual de marcação de consulta” e “não houve um pedido a nível do sistema informático, que é o sistema de CTH – Consulta a Tempo e Horas”.
“Houve um pedido, não sei dizer de quem, para que a minha colega [Teresa Moreno] marcasse a consulta e essa consulta foi marcada”, indicou, já em resposta ao PSD, acrescentando que “o processo clínico, na primeira consulta, a informação que diz é que foi a pedido do secretário de Estado” António Lacerda Sales.
A neuropediatra explicou que, além das consultas agendadas via plataforma informática por indicação de outro médico, existem também agendamentos feitos diretamente com os clínicos, sem passar pelo sistema informático.
“Eu não posso esperar que uma situação urgente seja inserida na plataforma. […] Se eu achar que é mesmo urgente ver uma criança não estaria a ser boa medica se estivesse à espera que esse pedido chegasse. Não são muitas essas situações, mas elas acontecem”, justificou mais à frente, questionada pelo Chega, indicando que essas situações não implicam a desmarcação de outras consultas agendadas pela via mais habitual.
Questionada pela IL, Joana Coelho disse que havia “relutância” por parte dos médicos em marcar a consulta porque teriam de prescrever o Zolgensma, medicamento com um custo de milhões de euros.
A médica afirmou igualmente ter ouvido na altura que houve pressão para marcar a consulta, mas disse não saber por parte de quem, e que já tinha sabia que a consulta terá sido marcada a pedido de Lacerda Sales, tendo-se tratado de uma situação que “foi excecional”.
“Nunca tínhamos tido conhecimento, nem eu nem os meus colegas de que uma situação similar tivesse acontecido”, acrescentou.
Sobre a carta enviada ao diretor clínico do Santa Maria, que subscreveu, a médica justificou que “foi uma chamada de atenção, um alerta” sobre os “gastos e uma questão económica que se coloca” devido ao preço dos tratamentos, ou seja, “se o SNS suportaria fornecer esses fármacos e estas novas opções terapêuticas a quem competiria decidir”, recusando que esteja relacionada com este caso em concreto.
Em resposta ao PS, Joana Coelho disse que as gémeas “reuniam os requisitos para terem feito o tratamento” e indicou que “não houve nenhum doente que tivesse ficado por tratar nestas circunstâncias”.
Já quanto à expressão “as meninas do Presidente”, a clínica disse nunca a ter ouvido essa no hospital.
Antes da audição, a comissão aprovou, com a abstenção dos deputados do PS, o pedido do PSD para que sejam solicitados esclarecimentos adicionais ao antigo ministro da Saúde Manuel Pizarro. Os partidos têm até ao final da tarde de sexta-feira para indicar as novas questões.
Os deputados aprovaram igualmente, com a abstenção da IL, um requerimento do PS para audição do CEO do grupo Lusíadas Saúde, Vasco Antunes Pereira, com a indicação de que poderá vir acompanhado pelo responsável pelo agendamento de consultas na unidade de Lisboa.
Foi também aprovada a suspensão dos trabalhos entre os dias 20 de dezembro e 06 de janeiro, conforme já tinha sido anunciado pelo presidente da comissão há duas semanas.
Antes do início dos trabalhos, em reunião de mesa e coordenadores, os deputados abordaram as queixas da mãe das crianças apresentadas no Tribunal Administrativo de Lisboa. Aos jornalistas, o presidente da comissão disse que “já foram respondidas pelos serviços jurídicos da Assembleia da República”.
Daniela Martins pede que o nome da comissão seja alterado e que o parlamento ignore e apague a documentação obtida pelo deputado do PSD António Rodrigues sobre o seguro de saúde no Brasil.
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