“Para dizer alguma coisa, preciso de provas”, declarou Mattis no avião que o transportava para Otava, onde iria participar hoje numa reunião da coligação anti-‘jihadista’ na Síria e no Iraque.

“Estou convencido de que vamos encontrar outras provas do que se passou. Simplesmente, não sei o que será, nem quem será implicado”, comentou o responsável do Pentágono, sublinhando: “Quando falarmos, será com a autoridade que os factos nos conferirão. Não quero especular, tirar conclusões precipitadas, mas não estamos a negligenciar qualquer pormenor”.

O governante norte-americano recordou ainda que a Administração de que faz parte pensa que “quem quer que tenha estado diretamente envolvido no assassínio de Khashoggi, quem tenha ordenado o seu assassínio, deverá prestar contas”.

Estas declarações surgem um dia depois de o ministro da Defesa ter sido fortemente criticado pelo senador republicano Lindsey Graham por ter afirmado não dispor de um “revólver ainda quente” para acusar o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman (conhecido como MBS) de ter mandado matar Jamal Khashoggi, jornalista saudita crítico de Riade e exilado nos Estados Unidos desde 2017.

“Não é um revólver ainda quente, é uma serra ainda quente”, ironizou Graham, que acabara de ser informado do andamento do inquérito norte-americano pela diretora da agência de serviços secretos CIA, Gina Haspel.

Graham “é um senador e tem direito às suas opiniões”, limitou-se a responder Mattis.

Jamal Khashoggi, que escrevia para o Washington Post, foi assassinado a 2 de outubro no consulado da Arábia Saudita em Istambul, aonde se deslocou para obter documentos para se casar.

A Turquia exigiu hoje a detenção de duas pessoas do círculo próximo do príncipe herdeiro saudita ligadas a este homicídio, que manchou bastante a imagem da monarquia saudita e de MBS.

A justiça turca emitiu mandados de captura para Ahmed al-Assiri e Saud al-Qahtani, acedendo ao pedido do procurador-geral de Istambul, que suspeita “fortemente” de que ambos terão “feito parte do planeamento” do assassínio.

O general Al-Assiri, antigo diretor-adjunto dos serviços secretos sauditas, e Al-Qahtani, ex-conselheiro de comunicação do tribunal real, são dois membros da guarda pessoal de MBS.