“Na verdade, aquilo que assistimos é uma consolidação dos sinais de preocupação que tínhamos no ano passado”, disse à Lusa Sónia Cunha, diretora do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC), um serviço do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que garante apoio psicológico às chamadas telefónicas recebidas nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

Este serviço funciona 24 horas/dia e, sempre que necessário, desloca equipas aos locais através das UMIPE, que entre janeiro e setembro deste ano registaram 918 intervenções, abrangendo 2.391 pessoas.

Mais de 360 situações dizem respeito a incidentes críticos (casos com potencial traumático como, por exemplo, assistir a um acidente de trabalho) e 212 a comportamentos suicidários, mais 54 do que no mesmo período do ano passado.

Linhas de apoio emocional e prevenção de suicídio

Caso tenha pensamentos suicidas ou conheça alguém que revela sinais de alarme, fale com o médico assistente. Se sentir que os impulsos estão fora de controlo, ligue 112.

Outros contactos:

SOS Voz Amiga
(diariamente, das 15h30 às 00h30)
213 544 545
912 802 669
963 524 660
direcao@sosvozamiga.org

Conversa Amiga
(diariamente, das 15 às 22h)
808 237 327
210 027 159

SOS Estudante
(diariamente, das 20 às 01h)
239 484 020

Voz de Apoio
(diariamente, das 21h às 24h)
225 506 070

Telefone da Amizade
(diariamente, das 16h às 23h)
228 323 535

Telefone da Esperança
(diariamente, das 20h às 23h)
222 080 707

Departamento de Psiquiatria de Braga
253 676 055

Escutar- Voz de apoio
225 506 070

SOS Telefone Amigo
239 721 010

A Nossa Âncora
219 105 750
219 105 755

Brochura do INEM
Ler aqui.

Em declarações à Lusa, Sónia Cunha destacou a preocupação particular com as franjas da população - os mais novos e os mais velhos – mas, sobretudo, com faixa etária entre os 11 e os 16 anos, lembrando a importância do reforço do envolvimento da comunidade escolar e do apoio de saúde mental nos cuidados de saúde primários.

A responsável insistiu na necessidade de investir na prevenção e lembrou que as UMIPE funcionam como “uma porta de entrada de pedidos de ajuda de situações que já escalaram”.

“Somos o fim de linha e o ideal é que não cheguem aqui”, reconheceu, chamando a atenção para não se falar apenas na saúde mental, mas aplicar no terreno medidas urgentes de prevenção da doença mental.

É igualmente importante não desvalorizar os sintomas e sinais de necessidade de ajuda, alertou, sublinhando: “Continua ainda a existir muita resistência a assumir-se a saúde mental como algo valioso”.

Reconheceu que ainda há estigma quanto a esta matéria e insistiu: “Precisamos de continuar a trabalhar na desmistificação da saúde mental como algo menor ou como algo de fragilidade humana”.

Os dados do INEM indicam que nos primeiros nove meses do ano o CAPIC/CODU registou 5.444 intervenções/chamadas (menos do que no ano passado), mas as saídas das UMIPE aumentaram, passando de 716 para 918 no mesmo período.

O comportamento suicidário é o mais relevante nos contactos para o CAPIC/CODU (2.219 de janeiro a setembro deste ano), seguindo-se a alteração emocional ou do comportamento (1.916).

Sónia Cunha destacou igualmente o reforço dos psicólogos das UMIPE, que são agora quatro equipas completas, num total de 31 psicólogos.