“Foi o chamado passo ao lado”, disse Vitorino à Lusa, à margem de um debate sobre o futuro da Europa, em Lisboa.
“Não foi dado o passo formal da declaração unilateral de independência, apesar de ter sido aprovada uma declaração, [e] ficou claro que havia uma vontade política de suspender os eventuais efeitos dessa declaração, criando assim espaço para que haja uma oportunidade de diálogo”, explicou.
Essa oportunidade depende, defendeu, de que ambas as partes estejam dispostas “a uma iniciativa que dificilmente vai ser tomada por um lado ou pelo outro”.
“Evitou-se a situação mais dramática, mas há um compasso de espera. E se este compasso de espera não for aproveitado, dentro de se calhar poucos dias voltaremos a estar numa situação semelhante”, considerou.
Na terça-feira, Puigdemont disse que assumia ”o mandato do povo” para que a Catalunha seja um “Estado independente”, mas propôs esperar “algumas semanas” para facilitar um diálogo com Madrid.
Para o antigo comissário europeu da Justiça e Assuntos Internos (1999-2004), esta crise institucional não tem “uma solução imediata”, exigindo antes “um trabalho conjunto, entre Madrid e Barcelona”.
“A sociedade catalã está dividida sobre a questão da independência, o referendo foi claramente ilegal […] A questão é saber se o Estado espanhol está preparado para evoluir para uma forma mais completamente federal do que aquela que já tem e, nesse contexto, encontrar uma maneira de acomodar as pretensões catalãs”, considerou António Vitorino.
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