Catarina Martins deu hoje uma conferência de imprensa para fazer o rescaldo eleitoral na sede do partido, em Lisboa, depois da reunião do Secretariado Nacional e antes da reunião da Comissão Política, que se reúne esta noite, anunciando ainda uma reunião da Mesa Nacional para analisar os resultados destas eleições.
“O Bloco de Esquerda nestas eleições autárquicas teve um mau resultado. Não aumentámos o número de votos ou de eleitos e conseguimos manter quatro em cada cinco votos o que determinou a perda de vereadores em cenários de polarização em disputas autárquicas”, assumiu.
Na perspetiva da líder do BE, houve outra “má notícia nesta noite eleitoral” que foi a vitória da direita na Câmara de Lisboa.
“O Bloco conseguiu eleger Beatriz Dias e manter o lugar na vereação, mas o PS o perdeu milhares de votos para a direita. A esta perda não serão indiferentes os problemas próprios do PS em Lisboa, nos últimos meses, mas é também de considerar que a instrumentalização de fundos e políticas públicas na campanha nacional autárquica tenha tido resultados opostos ao que o PS nacional esperava”, apontou.
Lamentando e assumindo os maus resultados, Catarina Martins fez questão de saudar e sublinhar alguns que considerou positivos, como a eleição em Lisboa, em Almada, a estreia no Porto, bem como o lugar alcançado em Oeiras, em coligação com o Livre e o Volt.
Uma maioria para travar retrocessos impostos pela direita
A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou ainda que “há uma maioria” de esquerda na Câmara de Lisboa que pode “travar retrocessos que a direita queira impor” na autarquia que agora vai liderar, prometendo empenho do partido neste trabalho.
Assim, Catarina Martins reiterou a ideia que já tinha defendido na declaração preliminar de domingo à noite, ou seja, que o partido “não faz coligações com a direita”.
“Achamos até que existe uma maioria na Câmara de Lisboa que pode travar retrocessos que a direita queira impor e o Bloco de Esquerda será empenhado nesse trabalho”, avisou.
A líder bloquista não vê “nenhuma proximidade entre o programa do Bloco de Esquerda e o programa da direita”, comprometendo-se com o cumprimento do mandato bloquista na autarquia da capital, “que é muito diferente do mandato da direita”.
“Estaremos na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal, nas Assembleias de Freguesia em cumprimento do nosso mandato por políticas de habitação, transportes, ambiente e igualdade”, afirmou.
Apesar de ter perdido de forma expressiva votos e vereadores, o BE conseguiu manter, por exemplo, o mandato na Câmara de Lisboa e de Almada e uma estreia na autarquia do Porto.
Em relação à reeleição de Joana Mortágua para Almada, Catarina Martins saudou este resultado, numa corrida “muito difícil, num cenário de grande polarização”, deixando um aviso aos socialistas que venceram a autarquia.
“O Partido Socialista em Almada terá agora de escolher se quer governar à direita ou à esquerda e o Bloco de Esquerda terá a disponibilidade que sempre disse que teria, mas também a mesma determinação e a eleição da Joana Mortágua é a possibilidade de um fio à esquerda para a Câmara de Almada”, desafiou.
(Notícia atualizada às 19h19)
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