
"Quero pedir ao povo português e aos eleitores que votam à esquerda para não dispersarem votos porque nós hoje podíamos ter um Governo do PS e não ter a AD a governar se não tivesse havido a dispersão de votos que tivemos há um ano", apelou, recordando que o PS perdeu por cerca de 50 mil votos e o BE teve nessas eleições cerca de 280 mil votos.
Na resposta, Mariana Mortágua contrapôs esta ideia porque, afirmou, o "primeiro lugar não determina nada"."Aquilo que Pedro Nuno Santos está a dizer quando diz que quer ser o mais votado e que espera uma viabilização do PSD é que tem uma bala de prata e que a bala de prata de Pedro Nuno Santos é Luís Montenegro", criticou.
Segundo a líder bloquista, o líder do PS está à espera que o primeiro-ministro, que todos os dias acusa de "não ser confiável", lhe "dê a confiança para governar com base no seu apoio".
Ainda assim, quando questionada sobre a disponibilidade do BE para um acordo pós-eleitoral, tal como em 2015, Mortágua respondeu que "há sempre".
No debate entre o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, - a estreia de ambos nos frente a frente para as legislativas de 18 de maio - habitação, defesa e imigração marcaram as principais diferenças entre os dois líderes, que concordaram nas críticas ao que consideram ser a inação do Governo português perante as tarifas dos Estados Unidos.
Um dos temas em que as divergências entre antigos parceiros de geringonça foram mais evidentes foi na questão da habitação.
Pedro Nuno Santos criticou as medidas "aparentemente bondosas" do Governo, como a isenção do IMT e do imposto de selo para os jovens na compra de casa, por não terem sido acompanhadas pelo aumento do lado oferta e por isso terem feito acelerar os preços, reiterando que os socialistas não as querem reverter mas sim garantir que aumenta a construção em Portugal.
Aproveitando para defender a medida do programa eleitoral para usar parte dos dividendos da Caixa Geral de Depósitos para financiar construção pelas autarquias, o líder do PS criticou a proposta do BE sobre o teto das rendas por poder "trazer problemas mais graves" e considerou que os bloquistas não têm uma solução para aumentar o parque habitacional.
Já Mariana Mortágua criticou que PS e PSD discutam inaugurações de casas quando o preço a habitação que as pessoas estão a pagar aumentou 9% em 2024, contrapondo que um dos problemas da construção é que o seu ritmo não é compatível com as necessidades que as pessoas têm hoje.
Insistindo que é preciso baixar as rendas, a líder do BE referiu que a proposta dos tetos às rendas resulta na Holanda, onde os socialistas a defenderam, enquanto Pedro Nuno Santos replicou que "noutros países não funcionou".
Quanto à imigração, o líder do PS aproveitou para criticar executivo por hoje ter feito "mais uma ação de propaganda despudorada" para "ataque ao Governo anterior do PS", numa matéria onde considerou ser possível "construir-se consensos" entre PSD e PS, referindo que "muitas das linhas deste plano de ação são de continuidade com aquilo que o Governo anterior vinha fazendo", defendendo que o país precisa de "uma imigração regulada".
Já Mortágua afirmou que o BE não cede num "princípio básico" que é quem está em Portugal poder regularizar-se, acusando o PS de estar "a abdicar desse princípio em nome de um outro".
Na reta final, o tema da governabilidade marcou duas visões distintas, com Pedro Nuno Santos a afirmar que "só haverá alternativa à AD se o PS vencer estas eleições", recordando que em 2024 o Presidente da República convidou o partido mais votado a formar Governo.
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