“Quem pensa que o Bloco de Esquerda calará alguma das lutas que são as suas lutas de sempre está muito enganado. Nós soubemos do caso, denunciamo-lo, o José Soeiro já questionou, e bem, o Governo sobre esta matéria, e não largamos. Tem de ser corrigido”, declarou Catarina Martins, no discurso que fez hoje em Vila Nova de Gaia, durante um almoço no âmbito das eleições autárquicas do Bloco de Esquerda, para apresentar as candidaturas a Vila Nova de Gaia.

Catarina Martins disse que era “absolutamente inadmissível que algo como a presidência do Conselho de Ministros possa trabalhar à conta de estágios não remunerados” e alertou que se o Governo acha que pode ter estágios em vez de contratos de trabalho, então “não está a levar a sério” o trabalho “de erradicar a precariedade” que se tem de fazer no país.

“Mesmo nos momentos em que nós estamos a fazer mais trabalho e há mais consenso nacional, sabemos que se não for a força do Bloco de Esquerda imediatamente andamos para trás”, observou, recordando que neste momento, junto com o Governo, está em curso um processo de regularização dos precários da Administração Pública e para “melhorar a lei para combater a precariedade do privado”.

Catarina Martins defendeu que há, do ponto de vista estrutural, na direita, mas também no Partido Socialista, uma “falta de respeito por quem trabalha”, o que faz que não “compreendam a absoluta necessidade de uma nova forma de olhar para as questões do trabalho”.

O deputado do BE, José Soeiro, denunciou hoje que há “indícios” de que existem estagiários não remunerados em funções permanentes num organismo do Estado e classificou que é “inaceitável” e “ilegal” caso seja verdade.

“Há claramente indícios de que estão a ser utilizados estagiários para funções que parecem ser funções permanentes do funcionamento regular daquele organismo [Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros (CEJUR)]. Há também uma referência a estágios profissionais não remunerados, foi isso que foi divulgado e isso é ilegal, e portanto, enfim, estamos à espera de saber como funciona, de ouvir os argumentos do Governo”, declarou o bloquista hoje em Vila Nova de Gaia, Porto.

O CEJUR abriu uma nova unidade com o objetivo de avaliar o impacto das leis e que é maioritariamente constituída por estagiários”, lê-se hoje no Diário de Notícias.