O quarto dia de campanha oficial do BE começou com uma visita ao Mercado de Benfica, em Lisboa, no final da qual Catarina Martins foi questionada sobre se temia que o caso de Tancos contaminasse este período eleitoral e também sobre como via o envolvimento do nome do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já declarou que "não é criminoso".
"Este é um caso que não é de agora e portanto que eu julgo que não deve ser um caso de eleições, até porque já decorre há bastante tempo. Como sabe a acusação ainda não se conhece e portanto eu não vou fazer qualquer tipo de especulação sobre essa matéria", começou por responder.
Sobre o caso de Tancos, a líder bloquista quis apenas "repetir o que o Bloco de Esquerda disse sempre", ou seja, que "a justiça deve fazer o seu caminho e deve apurar todas as responsabilidades e todas as consequências".
"Portugal é uma democracia e é assim que deve funcionar", concluiu.
Na terça-feira, em Nova Iorque, o Presidente da República reiterou nunca ter sido informado, por qualquer meio, sobre o alegado encobrimento na recuperação das armas furtadas de Tancos, e sublinhou que "é bom que fique claro" que "não é criminoso".
"Espero que seja a última vez que falo sobre a matéria, até porque se aguarda a todo o momento a acusação, no caso de ela existir, e o que haja a investigar contra quem quer que seja, sem qualquer limitação, seja investigado", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que se trata dos "mesmos factos, os mesmos elementos", de "há três ou quatro meses, que são reapresentados".
A TVI noticiou nesse dia que o major da PJ Militar Vasco Brazão se referiu, numa escuta telefónica, ao Presidente da República, como o "papagaio-mor do reino", que, segundo ele, sabia de tudo.
Em declarações à TVI, o advogado de Vasco Brazão, Ricardo Sá Fernandes, afirmou que tal afirmação "não teve em mente atingir o sr. Presidente da República".
"De resto, o meu representado não tem conhecimento que o sr. Presidente da República estivesse a par dos factos relativos ao achamento do material de guerra furtado em Tancos", disse Ricardo Sá Fernandes, àquela televisão.
O furto de armas de guerra nos paióis de Tancos foi divulgado em 29 de junho de 2017.
Um dos arguidos do processo é o ex-ministro da Defesa Nacional José Azeredo Lopes, que está proibido de contactar com os outros arguidos, com o seu ex-chefe de gabinete e com o antigo chefe de Estado Maior do Exército, general Rovisco Duarte.
Quase três meses após a divulgação do furto das armas, a Polícia Judiciária Militar (PJM) revelou o aparecimento do material, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial, por suspeitas de associação criminosa, tráfico de armas e terrorismo no furto do armamento e durante a qual foram detidos o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira e o antigo porta-voz da PJM Vasco Brazão e três militares da GNR, num total de oito militares.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
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