O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, e o emissário americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, iniciaram uma reunião em Roma, com Omã como país mediador, informaram a televisão estatal iraniana e uma fonte do governo de Washington.

As negociações "indiretas" acontecem na residência do embaixador de Omã, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghai, à emissora estatal.

"As duas delegações estão em salas separadas e o ministro de Omã transmite (a cada um) as mensagens das partes", explicou.

A primeira rodada aconteceu no sábado passado em Mascate, capital de Omã, e também teve a mediação deste país da península arábica.

As negociações foram retomadas após Donald Trump ter ameaçado começar com ações militares contra o Irão caso um acordo sobre o seu programa nuclear não fosse alcançado.

Como tudo começou

Em 2015, durante o seu primeiro mandato, Trump retirou Washington do acordo multilateral que estava em vigor para restringir o desenvolvimento nuclear da República Islâmica em troca da suspensão das sanções.

Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, o empresário republicano retomou a política de "pressão máxima" contra o Irão, endurecendo as sanções económicas e ameaçando bombardear a República Islâmica.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), Rafael Grossi, afirmou na quinta-feira que o Irão "não está longe" de obter armamento nuclear. No entanto, insiste que o programa de Teerã é desenvolvido para fins civis.

Apaziguando as tensões, Donald Trump disse não ter pressa para recorrer a uma via militar: "Acredito que o Irão quer conversar", afirmou. No entanto, Abbas Araqchi não tem a mesma opinião.

Numa visita a Moscovo, Araqchi declarou na sexta-feira que tem "sérias dúvidas sobre as intenções e motivos da parte americana". Mas garante que vai participar nas negociação, "apesar de tudo".

"Temos consciência de que o caminho para um acordo não está isento de obstáculos", escreveu Baghai na rede social X no sábado.

O mesmo ceticismo foi destacado pelo guia supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, que também se mostrou satisfeito com a organização das reuniões.

"Fase crucial"

Os países ocidentais e Israel, grande inimigo do Irão como os Estados Unidos, suspeitam que o objetivo do programa nuclear é desenvolver armamento atómico. Teerã rejeita as acusações e defende o seu direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia.

O organismo responsável por verificar o caráter pacífico do programa é a AIEA, cujo diretor-geral visitou Teerã esta semana.

Antes da viagem, o diplomata argentino Rafael Grossi afirmou numa entrevista ao jornal francês Le Monde que o Irão "não está longe" de conseguir a arma nuclear.

"Estamos numa fase crucial das negociações importantes. Sabemos que temos pouco tempo", declarou Grossi em Teerã.

Desde a saída dos Estados Unidos do acordo de 2015, o Irão distancia-se do compromisso de não enriquecer o urânio acima dos 3,67% fixados por este pacto, que também foi assinado por Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia.

Segundo o relatório mais recente da AIEA, o país dispõe de urânio enriquecido a 60%, aproximando-se dos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, acusou o Teerão de violar o acordo de 2015 e, por isso, pediu aos países europeus que adotem rapidamente "uma decisão importante sobre o restabelecimento das sanções" ao país.