Numa sessão pública com militantes na sede nacional do CDS-PP, em Lisboa, João Almeida defendeu que a preocupação do partido não deve ser “responder a questões político-partidárias que acabaram de aparecer” e a quem “radicaliza o discurso”, numa referência implícita ao partido Chega.
“Nós não vamos disputar o campeonato dos pequeninos, nós não vamos disputar o campeonato do decibel, não estamos aqui para gritar mais alto do que quem acha que é a gritar que se faz política”, assegurou.
João Almeida defendeu que o objetivo do CDS tem de ser “lutar pelo campeonato dos grandes” e não “por um ou dois deputados que perdeu para partidos que apareceram agora”, e sublinhou que “nenhuma alternativa ao PS se faz sem incluir” os democratas-cristãos.
O ex-porta-voz do CDS-PP recusou cenários de crise da direita, considerando que “com serenidade, consciência e empenho, a direita pode valer nas urnas aquilo que nunca valeu”.
“Com uma linguagem simples, essa tal direita popular que fala a linguagem das pessoas, que não existe para complicar os problemas, mas para os resolver, essa direita popular que nós somos”, apontou.
Numa sessão pública que contou com ex e atuais dirigentes do partido como Adolfo Mesquita Nunes, Diogo Feio, Cecília Meireles ou Ana Rita Bessa, o candidato à liderança prometeu que, se vencer no Congresso do próximo fim de semana, a primeira medida será propor a suspensão do processo de descentralização em curso.
“Os socialistas querem enganar o país. Se é o Estado central que decide quais as competências que passa, quando e quais as verbas disponibilizadas, onde entram as autarquias?”, questionou.
João Almeida prometeu bater-se pelas “causas de sempre” do CDS, mas também responder aos novos temas, e não poupou nas críticas ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, por ter dito que os polícias compram equipamento do seu bolso “porque querem”.
“É um desrespeito, é inaceitável”, considerou.
Lutar pela atualização das pensões mínimas e rurais e pelo combate à fraude no Rendimento Social de Inserção e no subsídio de doença foram outras das promessas do antigo líder da Juventude Popular.
“Não vamos refundar o partido, não vamos reinventar o partido, isso seria um enorme desrespeito pelo que tantos fizeram em 40 anos em nome do CDS, nós vamos continuar o CDS”, afirmou.
No entanto, João Almeida salientou que o seu projeto pretende ser de continuação “não desta ou daquela liderança, mas de todas as lideranças do CDS”.
Antes do candidato, discursaram outros seis oradores, entre os quais o presidente da Câmara de Vale de Cambra, José Pinheiro, o antigo ministro do Trabalho Pedro Mota Soares e o ex-líder parlamentar Nuno Magalhães.
Mota Soares desvalorizou o debate ideológico sobre o que deve ser o CDS: “Cá cabem todos, os democratas-cristãos, que são a matriz do partido, mas também cabem os liberais, os conservadores e os independentes”.
“Não é a primeira vez que estamos perante resultados eleitorais difíceis e sabemos como saímos: saímos somando, saímos juntando, saímos não perguntando a cada um o que é”, afirmou.
Mota Soares, que falhou a eleição como eurodeputado, destacou a combinação de juventude e experiência de João Almeida, numa disputa em que um dos adversários é o líder da Juventude Popular, Francisco Rodrigues dos Santos.
Na mesma linha, também Nuno Magalhães lembrou a experiência governativa de João Almeida, que foi secretário de Estado da Administração Interna, considerando que tal lhe permite ser uma opção “sólida e confiável” para os eleitores.
São candidatos à liderança do CDS-PP Abel Matos Santos, João Almeida, Filipe Lobo d'Ávila, Francisco Rodrigues dos Santos e Carlos Meira.
O 28.º congresso nacional do CDS-PP, marcado para 25 e 26 de janeiro, em Aveiro, vai eleger o sucessor de Assunção Cristas na liderança dos centristas.
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