“Tendo em atenção a gravidade do que se passou, nada pode ficar por esclarecer, em dúvida ou sob suspeita”, disse à agência Lusa o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, afirmando que a Assembleia da República tem formas de analisar, com reserva, essa parte do relatório não divulgado pelo Governo para “proteger dados pessoais” das vítimas.
O Ministério da Administração Interna não divulgou o capítulo do relatório pedido à equipa de Xavier Viegas com os pormenores das mortes de cada uma das 64 vítimas mortais e pediu um parecer à Comissão Nacional de Proteção de Dados Pessoais (CNPDP).
Agora, o CDS espera que a comissão tome uma decisão rapidamente e, se tal não acontecer, pede ao Governo que entregue ao parlamento o documento em que pode não estar inscrito o nome das pessoas envolvidas, as vítimas, ou pedir “reserva de confidencialidade” ou que seja discutido “à porta fechada” na comissão de Assuntos Constitucionais, explicou Nuno Magalhães.
Hoje, o semanário Expresso divulgou parte do relatório de Xavier Viegas, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, sem revelar nomes, e em que mostra terem existido falhas no socorro às vítimas.
“É grave se não for do conhecimento do parlamento”, afirmou o deputado do CDS, que aponta contradições e factos narrados no relatório e a chamada fita do tempo, da responsabilidade da Proteção Civil.
“E até aponta para falhas graves de socorro, não obstante os pedidos de ajuda”, sublinhou Nuno Magalhães, insistindo que há maneira de o capítulo do relatório ser entregue ao parlamento sem serem revelados nomes.
O investigador Domingos Xavier Viegas já defendeu, na quinta-feira, a divulgação completa do relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande e Góis, em junho.
“Custa-nos a compreender que esse capítulo não seja divulgado”, disse Domingos Xavier Viegas aos jornalistas, em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, frisando que a parte do relatório que não foi revelada pelas autoridades abrange “muitas lições” para o futuro, “positivas e negativas”.
Pelo menos 115 pessoas morreram em incêndios florestais em Portugal durante 2017.
Além de 65 mortos nos incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande, a 17 de junho (a contabilização oficial assinala 64 vítimas mortais, mas uma pessoa morreu atropelada na sequência do fogo), e dos 45 mortos nos fogos da região Centro de 15 de outubro, há registo de mais cinco vítimas mortais.
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