Numa declaração enviada à agência Lusa, que expressa a posição oficial do grupo parlamentar centrista, lê-se que "o CDS-PP por princípio não inviabiliza comissões de inquérito propostas por outros grupos parlamentares e não inviabilizará esta".
"Iremos analisar o objeto em concreto e decidir o sentido de voto, mas por princípio não nos opomos a nenhuma comissão de inquérito", acrescentam os centristas.
O deputado do Bloco de Esquerda (BE) Jorge Costa comunicou hoje à agência Lusa que o seu partido vai formalizar na quarta-feira um pedido de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao caso que envolve o antigo ministro da Economia Manuel Pinho.
O PS já fez saber que votará a favor da comissão de inquérito proposta pelo BE, recusando contudo que se trate de "uma comissão de inquérito ao caso Manuel Pinho", mas antes sobre "um universo bastante abrangente" das chamadas "rendas do setor energético".
Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo vice-presidente da bancada socialista Carlos Pereira, que afirmou: "Esse é um tema que também deve ser avaliado e aprofundado, as responsabilidades políticas que possam existir. Nós não metemos a cabeça na areia".
Antes, no domingo, o PSD tinha pedido a audição parlamentar do antigo ministro do primeiro Governo de José Sócrates, para que esclareça alegadas suspeitas, noticiadas pelo jornal 'online' Observador, de que recebeu cerca de um milhão de euros entre 2006 e 2012, período que engloba o seu exercício de funções governamentais.
PS e CDS-PP manifestaram hoje apoio à audição parlamentar de Manuel Pinho.
As transferências, de acordo com o jornal, que cita um despacho de 11 de abril dos procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto consultado pelo Observador nos autos do caso EDP, "terão sido realizadas 'por ordem de Ricardo Salgado' [antigo presidente do Banco Espírito Santo] ao 'aqui arguido, ex-ministro da Economia Manuel Pinho'", através de 'offshores'.
O advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, informou hoje que o antigo ministro, arguido no caso EDP, está disposto a prestar "todos os esclarecimentos" aos deputados, mas entende "que essa audiência apenas pode ter lugar depois de ser interrogado pelo Ministério Público".
Num comunicado enviado à agência Lusa, esta posição é justificada com o argumento de que "as dúvidas que justificam essa diligência nasceram a partir da divulgação pela comunicação social de documentação que constará do processo em que foi constituído arguido (e onde há mais de dez meses aguarda por ser ouvido) e com a qual ainda não foi confrontado pela autoridade judiciária competente".
O pedido de audição parlamentar de Manuel Pinho foi anunciado pelo presidente do PSD, Rui Rio, no domingo, passados dez dias sobre a divulgação da notícia do Observador, para "ele poder dar, do ponto de vista político, as explicações que ache que deve dar ao país".
O líder parlamentar do PS, Carlos César, declarou hoje que os socialistas também querem "conhecer o que o antigo ministro Pinho tem a dizer sobre todo este caso insólito" e "o mais depressa possível".
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, adiantou que o seu partido votará a favor do pedido para a audição de Manuel Pinho no parlamento.
Hoje, confrontado em Beja com o pedido de comissão de inquérito do BE, o presidente do PSD remeteu uma decisão sobre o sentido de voto para mais tarde, quando for conhecido o conteúdo da proposta.
"Quando eu convido Manuel Pinho a ir ao parlamento explicar-se, de imediato aparecem outros partidos a quererem ainda mais do que isto. Eu não entro nessa competição mediática", reagiu.
Rui Rio referiu que o pedido de audição do antigo ministro dará entrada no parlamento "ainda hoje", e acrescentou: "Ele até parece que está nessa disponibilidade, vamos ouvir o que é que Manuel Pinho tem para dizer e depois logo se verá".
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