“Vemos com muita preocupação a notícia da demissão em bloco da administração do Hospital de São João, com uma explicação que não nos parece cabal nem satisfatória face à atitude tomada, e salientamos que não é a primeira vez que o CDS manifesta preocupação com as questões relacionadas com a saúde”, disse à Lusa a vice-presidente do CDS-PP Cecília Meireles.

“Andamos há anos a alertar para o estado muito difícil da saúde e, em particular, dos hospitais públicos e já por várias vezes tivemos a oportunidade de confrontar o Governo com esse facto”, adiantou.

A deputada lembrou que o seu partido já esteve reunido com a administração do Hospital de São João e, face à preocupação com a situação, o CDS-PP vai chamar à Comissão de Saúde a ministra e o conselho de administração da unidade hospitalar, “para que se possa perceber o que se passou e para que o parlamento possa exigir explicações ao Governo”.

“Não é a primeira vez que somos confrontados com demissões e com problemas gravíssimos e o Governo parece querer arrastar os problemas ao invés de os resolver e é uma situação que não é aceitável”, acentuou.

Cecília Meireles enfatizou que “se o que está em causa fosse apenas uma substituição, não se percebe porque é que não se procedeu com normalidade a essa substituição”.

“Acho que o simples facto de estarmos com uma administração que não apenas toma esta atitude, mas que tem tido em mãos o difícil caso da ala pediátrica, saliento que não deve cair no esquecimento [esta renúncia] e que havia a garantia de que em janeiro as obras já estariam no terreno”, sublinhou.

“Nada melhor que a senhora ministra aproveitar esta ocasião para dar explicações ao parlamento”, concluiu.

O CDS-PP reagia assim à renúncia de funções hoje do Conselho de Administração do Hospital de São João, já confirmada à Lusa pelo Ministério da Saúde.

“O Ministério da Saúde teve conhecimento do pedido de renúncia do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João, na sequência do término do mandato a 31 de dezembro. É um mecanismo que está previsto na Lei”, escreveu o ministério em comunicado.

No documento, o ministério diz que tem dialogado com o conselho de administração no âmbito da resolução do processo da ala pediátrica, “reconhecendo o empenho do presidente em criar condições para a transferência dos doentes pediátricos para as instalações do hospital”.

A renúncia foi também confirmada pelo próprio conselho de cdministração que, num comunicado, refere que a decisão pretendeu “facilitar a sua substituição da forma mais rápida possível”.

“Foram estes os únicos fundamentos que estiveram na base do pedido de renúncia”, refere o comunicado do conselho de administração do hospital, que assumiu funções em 2016 liderado por António Oliveira e Silva.

O Hospital São João tem sido notícia nos últimos meses devido às obras de construção da ala pediátrica, a funcionar há cerca de dez anos em contentores.

Esta situação levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a passar o dia de Natal com as crianças internadas naquela unidade de saúde. No mesmo dia, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que as obras da nova ala pediátrica deveriam arrancar este ano e ficar concluídas em 24 meses.

No passado dia 03, o hospital indicou que a obra da ala pediátrica era para começar no início do segundo semestre, prevendo-se para abril a transferência provisória da pediatria oncológica, atualmente em contentores, para o edifício central.

Há dez anos que o Hospital de São João tem um projeto para construir uma ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.

O parlamento aprovou em 27 de novembro, por unanimidade, a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019, de forma a prever o ajuste direto para a construção da ala pediátrica.