É um teste decisivo para o partido liderado por Armin Laschet, candidato a chanceler, que luta por uma vitória, com as sondagens a darem a Alternativa para a Alemanha (AfD), força política da extrema-direita, um resultado muito próximo.

Se durante a pandemia de covid-19, a AfD não conseguiu ir mais além dos 10 a 11% das preferências no que diz respeito às eleições gerais, nos estados do leste da Alemanha as contas são outras. Na Saxónia, Turíngia e Alta Saxónia as preferências pela extrema-direita não descem dos 20%.

Isso acontece, defende o politólogo Hajo Funke em declarações à Lusa, “apesar ou por causa da orientação populista e racista” da AfD, correspondendo a um “grande aumento de até um quarto da população da Alemanha Oriental”, numa “mistura tóxica de orientação racista ‘anti-establishment’ e populista, tendo, em pano de fundo, uma frustração social após a unificação alemã”.

Para o autor do livro sobre a Alternativa para a Alemanha “Die Höcke-AfD. Eine rechtsextreme Partei in der Zerreissprobe”, lançado em abril deste ano, o partido com Oliver Kirchner como candidato principal na Alta Saxónia, pode perfeitamente obter entre 23 e 26% dos votos, passando à frente da CDU.

No último escrutínio neste estado federado, em 2016, a CDU venceu com 30% dos votos, formando uma coligação com o Partido Social Democrata (SPD) e os Verdes.

O partido de Angela Merkel acabou por cair nas sondagens devido ao descontentamento associado à gestão da pandemia, e ao escândalo de corrupção ligado a dois deputados conservadores sobre contratos de compra de máscaras de proteção.

Para Martin Kessler, editor de política do jornal Rheinische Post, a CDU vai conseguir vencer as eleições de domingo e manter a coligação no poder, liderada por Reiner Haseloff. Ainda assim, considera que é uma “votação decisiva” para o futuro de Laschet.

“Tem de provar que pode ganhar eleições, mesmo nos estados da Alemanha de Leste. É da Renânia do Norte-Vestefália, ministro-presidente desse estado federado, para ele é difícil vencer a corrida no leste do país. Mas vai fazê-lo para provar que é capaz de ser o próximo chanceler”, apontou, em declarações à agência Lusa.

“Se a CDU vencer com uma diferença de mais de 5% em relação à AfD, isso dar-lhe-á mais força para os próximos meses de campanha. São umas eleições interessantes, em certa forma decisivas para determinar o futuro comportamento de Laschet”, acrescentou.

Uma vitória da AfD seria um golpe para os conservadores, quando faltam menos de quatro meses para as eleições gerais, as primeiras em 16 anos sem Angela Merkel como candidata.

“É provável que isso desencadeie um debate perigoso na CDU da Alta Saxónia, desde já sobre como se distanciar completamente de um partido de extrema-direita”, realçou Hajo Funke.

“Possivelmente manteria o partido conservador de direita em suspense até à eleição de setembro, e assim, reduziria a possibilidade uma vitória relativa”, sublinhou o professor da Universidade Livre de Berlim.

De acordo com o relatório Sachsen-Anhalt-Monitor 2020, citado pela agência France-Presse, o principal problema que preocupa os eleitores da região são as consequências económicas da pandemia. A imigração e os refugiados, temas que popularizaram a AfD, continuam a ser o segundo.

As eleições na região da Alta Saxónia decorrem no domingo. As votações para escolher o próximo chanceler estão marcadas para 26 de setembro.