Na comissão parlamentar de saúde, o deputado social-democrata Miguel Santos considerou que as chamadas de emergência não atendidas são uma situação grave, invocando o caso de um dia específico em que não foram atendidas 1.400 chamadas.
Segundo o deputado, o sistema de ‘call-back,’ que permite voltar a ligar a uma chamada perdida, não está a recuperar nem um terço das chamadas não atendidas.
Na reunião de hoje da comissão parlamentar para “obter novos esclarecimentos sobre a situação atualmente existente no INEM”, a comissão de Trabalhadores e o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar deram conta da carência de meios humanos, sejam médicos, enfermeiros, técnicos ou operacionais.
O coordenador do colégio da competência em emergência médica da Ordem dos Médicos, Vítor Almeida, confirmou que existem chamadas que não são atendidas: “Pode objetivamente ser a sentença de morte de uma pessoa. É inadmissível haver chamadas não atendidas”.
Vítor Almeida sublinhou a escassez de pessoal no INEM e disse que “enquanto não forem contratadas as pessoas, os tempos de espera” no atendimento das chamadas não vão melhorar.
O coordenador da direção do colégio da competência em emergência médica lamentou que os problemas do INEM se arrastem há anos, lembrando que desde 2006 a situação não mudou substancialmente, com falhas que têm atravessado várias legislaturas.
Sobre os médicos do INEM, Vítor Almeida indicou que existem apenas cinco clínicos no quadro do instituto, com uma parte substancial dos médicos a ser então recrutada a empresas.
Poucos operacionais e técnicos, salários baixos e desiguais, elevada desistência e absentismo por exaustão, além de frota com necessidade de renovação são outros dos problemas do INEM identificados.
Vítor Almeida classificou o INEM como uma questão de segurança nacional para a qual é necessário um consenso suprapartidário, com planos a longo prazo, tendo identificado a necessidade de criar um plano para os próximos dez anos.
Em meados de fevereiro, o presidente do INEM tinha sido ouvido na mesma comissão parlamentar de saúde, onde reconheceu o aumento do tempo de atendimento das chamadas de emergência no final do ano passado, justificando-o com o aumento do número de pedidos de socorro e diminuição de recursos humanos.
Contudo, Luís Meira disse que no mês de fevereiro o tempo de atendimento estava já a diminuir, situando-se nos 13 segundos.
Segundo dados do INEM, foram atendidas nos centros de orientação de doentes urgentes (CODU) do INEM 1.370.348 chamadas, com uma média de 3.744 por dia. O tempo médio de atendimento aumentou de 14 segundos em 2014 para 17 segundos em 2015 e 18 segundos em 2016.
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