“Preocupa-nos o comprometimento da qualidade da água, dos cortes dos lençóis freáticos, a escassez de água, a afetação e as consequências económicas que daqui vão advir, uma vez que, para além de se desvalorizarem as terras, a agricultura vai ficar quase impraticável e o turismo também vai perder muito com a existência de uma mina a céu aberto”, afirmou Rita pereira, da organização, em declarações à agência Lusa.

Recentemente, a tutela indicou que ia viabilizar a prospeção de lítio em seis zonas do país, com uma redução para metade na área de inicial.

No caso concreto de “Seixoso-Vieiros”, que abrange Fafe, Celorico de Basto, Guimarães, Felgueiras e Amarante, a área passa de 243,7 quilómetros quadrados, para 144,2 quilómetros quadrados.

Hoje, no centro da Lixa, os populares exibiram cartazes com frases de oposição à extração do lítio, como “o lítio não é renovável ou sustentável” e “o lítio não mata a sede, mata outras coisas”. Também repetiram palavras de ordem, destacando-se a frase: “Lítio não”.

Segundo o movimento de cidadãos que organizou a manifestação, estavam presentes pessoas de vários concelhos, como Celorico de Basto, Mondim de Basto, Fafe, Guimarães, Amarante e até da região de Barroso.

À Lusa, a organizadora afirmou que a mobilização popular, nomeadamente a concentração de hoje, está a corresponder ao esperado.

“Nós já tínhamos tido um ‘feedback’ muito bom desde a formação do movimento, uma vez que, em 24 horas, conseguimos angariar 3.400 pessoas. As pessoas estarem a adquirir tanto é o reflexo que a mensagem está a passar”, sinalizou, prometendo que o movimento vai continuar a crescer.

“A população está cada vez mais informada e hoje sairá daqui ainda mais esclarecida”, reforçou Rita Pereira.

A ativista alertou, em concreto, para os perigos da prospeção e eventual extração de lítio, a poucos quilómetros de uma zona densamente habitada.

“Está demasiado próxima. Quem conhecer minimamente a zona de Borba, a zona de Fervença, percebe que, a dois quilómetros dos pontos de prospeção, existem quintas biológicas, existem casas e pessoas que as habitam, que necessitam da água e da qualidade do ambiente para poderem subsistir”, reforçou.

Anunciou, depois, “uma atitude vigilante” e de acompanhamento face ao processo, prometendo atuar em defesa das populações.

“Nós vamos manter uma atitude vigilante e cooperante. Vamos estar sempre em cima daquilo que estas seis autarquias pretendem fazer”, referiu, acrescentando: “Sempre que houver alguma decisão, que seja contra aquilo que nós defendemos, nós vamos reagira e avaliar a nossa reação, momento a momento”.

O movimento, prometeu, vai continuar a “passar a mensagem e informar as populações que estão mais distantes e que não têm acesso à informação, porque a informação é poder”.

“É isso que nós queremos dar à população”, exclamou, apontando para os manifestantes reunidos na praça.

Alguns populares, de diferentes concelhos, usaram da palavra, reforçando os impactos negativos no ambiente e na saúde das pessoas que pode significar a prospeção de lítio naquela região, deixando críticas aos interesses económicos que, alegadamente, se sobrepõem aos interesses dos cidadãos comuns.