Questionado se uma fusão entre os dois bancos traria estabilidade ao setor, Centeno disse acreditar que “as sinergias [que] possam surgir desse emparelhamento ou de qualquer outro que seja sustentável no mercado português, seriam benéficas para o sistema bancário”.

Ainda assim, sublinhou que está a “ser pedagógico em relação ao mercado e à forma como” vê a banca.

“Todas as frases que diga em relação a esse negócio podem mover o mercado e o papel do banco central não é mover o mercado”, afirmou, mas admitindo benefícios quanto à importância destas operações face ao digital.

“Num cenário de digitalização, de concorrência com ativos digitais que vai colocar desafios acrescidos à banca tradicional, que essas fusões resultem destes mecanismos de mercado é aquilo que mais desejo”, referiu.

Centeno defendeu ainda que não se está numa situação em que haja necessidade de reestruturações por dificuldades nas instituições, registando a sua “estabilidade”.

“Qualquer das instituições hoje presentes no sistema bancário português tem um nível de capital, de rácios de liquidez, de solvabilidade e níveis de exposição ao risco muito baixos. Ou melhor, muito baixos os que têm que ser baixos, e muito altos os que têm de ser altos. Ou seja, não estamos perante uma situação em que a necessidade de reestruturação surja por situações de dificuldades das instituições. Isso não se coloca em nenhuma circunstância”, afirmou.

Na entrevista ao diário, Mário Centeno, registou que a banca “está mais atrativa pelas boas razões”, nomeadamente pela sua resiliência, resultados e níveis de risco baixos.

O governador do banco central português registou ainda que a recessão “é ainda evitável”.

“A recessão é ainda evitável. Não está em nenhum dos cenários base apresentados pelo BCE, OCDE e Comissão Europeia. Não é parte do cenário base que temos para a economia portuguesa”, disse.

Em sentido inverso, a subida das taxas de juro foi considerada “uma inevitabilidade” pelo governador.

“Haver mais subidas é uma inevitabilidade e a previsibilidade da política monetária, que é altamente desejável, acontecerá de forma mais óbvia para todos assim que a inflação começar a cair”, anteviu.