Presentes na manifestação de funcionários em Lisboa, os dirigentes da UGT e da CGTP e os elementos bloquistas e comunistas, cumprimentaram e incitaram as muitas centenas de manifestantes, que envergaram camisolas pretas com o logótipo do grupo de comunicações e o conteúdo adulterado para "Aldrabice".
"O Governo tem de se chegar à frente e não confiar apenas nas entidades reguladoras porque a Altice tem instrumentos para parar o país. Está em causa o interesse nacional e os direitos dos trabalhadores. Ninguém pode ficar em cima do muro. É uma grande empresa que está a ser destruída paulatinamente", disse o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, ladeado pelo deputado Bruno Dias, na defesa do "controlo público" (daquela empresa) por parte do Estado.
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirmou que "têm de ser os trabalhadores a tomar as rédeas do seu próprio futuro contra este crime social", classificando a situação como "uma das maiores selvajarias" que "tem de ser travada, hoje e aqui", pois "não é só a PT que está em causa, mas este modelo sanguinário".
"Se tiver sucesso, este modelo empresarial pode abrir a porta a outras empresas para fazerem o mesmo e isso não pode vingar em Portugal e na Europa", afirmou, apelando para a intervenção de Governo e Presidência da República.
O líder da CGTP, Arménio Carlos, não se opôs a uma eventual renacionalização da PT, apontando o exemplo da intervenção estatal no setor bancário para a qual todos os portugueses então contribuíram.
"O Governo não pode estar à margem dos acontecimentos e tem de fazer a Altice obedecer à sua autoridade porque ela não está acima da lei", insurgiu-se, enquanto vários trabalhadores empunhavam cartazes com a inscrição "Oh, Costa, não vires as costas!", dirigidos ao primeiro-ministro, também visado nas diversas palavras de ordem: "Costa, escuta, o povo está em luta", "trabalhadores da MEO sim, vigarices não" ou "Governo, ouve bem, compra a PT".
O deputado do BE José Soeiro criticou, por seu turno, as "medidas absolutamente inaceitáveis" introduzidas pela Altice contra os funcionários, reiterando a necessidade de "intervenção do Governo para parar esta fraude que tem vindo a desmembrar a PT", além da "pressão e artimanhas sobre os trabalhadores".
"Portugal não é o faroeste. O país tem leis e a Altice tem de ser impedida de fazer esta forma encapotada de despedimentos", afirmou, acompanhado pela eurodeputada Marisa Matias, a parlamentar Isabel Pires e o candidato autárquico a Lisboa Ricardo Robles.
Mais de 2.000 trabalhadores da PT/MEO de todo o país, segundo as organizações sindicais, desfilam hoje em protesto desde a sede da empresa, nas Picoas, em Lisboa, até à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.
Os trabalhadores estão hoje em greve de 24 horas contra a transferência de funcionários entre empresas do grupo.
Em causa está a mudança de mais de 150 trabalhadores para empresas do grupo da multinacional de comunicações e conteúdos de origem francesa Altice, que detém a PT Portugal, como a Tnord, a Sudtel ou a Winprovit e ainda para a parceira Visabeira, recorrendo à figura de transmissão de estabelecimento, prevendo-se a conclusão do processo até final do mês.
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