O compromisso entre o Centro Hospitalar de Leiria e o Ministério da Saúde, que foi assinado na quarta-feira e anunciado hoje pelo CHL, visa criar condições para que os doentes possam regressar ao seu ambiente familiar, o que vai reduzir os riscos do internamento convencional e evitar igualmente estadas desnecessárias nos serviços de internamento dos hospitais por razões alheias ao seu estado de saúde.

"A nossa missão é, e sempre foi, garantir os melhores cuidados aos nossos utentes, dentro e fora de portas, e a criação da Unidade de Hospitalização Domiciliária é um projeto que temos preparado há dois anos", revelou a vogal executiva do Conselho de Administração do CHL, Alexandra Borges, citada numa nota de imprensa.

Segundo esta responsável, "os utentes do CHL irão beneficiar muito com este novo serviço, que lhes permitirá a mesma qualidade e o mesmo rigor dos cuidados, na sua própria casa, junto da sua família".

Esta unidade representa uma alternativa ao internamento convencional na fase aguda da doença, sempre de acordo com a vontade do utente e da sua família, e em situações menos graves em que, ainda assim, é necessário internamento, sob permanente vigilância de uma equipa hospitalar multidisciplinar.

Na nota de imprensa, é ainda explicado que os doentes terão de "cumprir um conjunto de critérios clínicos, sociais e geográficos que permitem a sua hospitalização no domicílio, sob a responsabilidade dos profissionais de saúde da UHD, e com acesso aos medicamentos exatamente como se estivessem internados no hospital, com total igualdade nos direitos e deveres dos doentes internados no hospital ou no domicílio".

"Estamos a criar um 'hospital sem muros', em que os utentes são acompanhados como se estivessem num serviço hospitalar, mas com uma envolvente psicológica que é mais favorável ao seu tratamento, com a presença da família e num ambiente que lhe é próximo", sublinhou Alexandra Borges.

A vogal considerou ainda que este modelo tem vantagens na recuperação dos utentes, já que "o doente estará mais disponível para aceitar o tratamento e cumpri-lo rigorosamente como é necessário que aconteça".

A UHD funcionará todos os dias do ano, 24 horas por dia, com uma equipa multidisciplinar e em que uma visão holística do doente será o caminho a seguir. Será composta por médico, enfermeiro, assistente técnico, assistente social, e, em caso de necessidade, integrando outros profissionais como fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, entre outros.

Este modelo é focado no doente e na sua família, enquanto cuidadores, e depende do seu consentimento.

"Garantindo um cuidado rigoroso e próximo, à semelhança do que acontece no internamento hospitalar, este internamento domiciliário proporciona uma maior humanização e valorização da componente familiar e, por conseguinte, um maior conforto físico e psicológico e a melhor aceitação do tratamento por parte do doente", lê-se na nota.

A opção pelo internamento domiciliário será decidida "caso a caso de acordo com o diagnóstico, a estabilidade da situação clínica e a capacidade de controlo da situação e potenciais complicações no domicílio".

Caberá à Direção-geral da Saúde criar uma norma de orientação clínica que defina a lista de doenças tipicamente elegíveis para a hospitalização domiciliária e os critérios de inclusão ou exclusão de doentes, que todas as unidades a nível nacional deverão seguir, informa ainda o CHL.