“Em Itália, vamos já em 100.000 chegadas, que já prevíamos. Mas não são números incontroláveis. O verdadeiro problema é que falta uma política de receção séria”, sublinhou o responsável da plataforma, Luca Casarini.
O líder desta ONG falava desde Trapani, Sicília, onde o seu navio de resgate Mare Jónio está ancorado à espera de inspeções, marcadas para 22 de agosto.
“Depois, estaremos preparados para começar de novo”, apontou.
Quase 20.000 homens, mulheres e crianças morreram a tentar chegar a Itália este ano.
Os mais recentes dados do Ministério do Interior italiano, divulgados na semana passada, apontavam que quase 94.000 migrantes desembarcaram na costa italiana este ano, mais do dobro em relação aos 45.000 registados no mesmo período do ano passado.
Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Mediterrâneo Central — entre o norte da África e a Itália — é atualmente a rota migratória mais perigosa do mundo. Desde 2014, a OIM contabilizou mais de 20.000 mortes.
No final de julho, ONG que conduzem operações de busca e salvamento no Mediterrâneo relataram à Lusa que estão a enfrentar dificuldades acrescidas este ano face ao endurecimento da política anti-imigração do novo governo italiano, queixando-se de restrições no acesso humanitário.
As ONG debatem-se com as dificuldades acrescidas impostas pela legislação adotada no início do ano pelo Governo de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni, que restringe as atividades das organizações humanitárias e já levou à detenção de vários navios de busca e salvamento.
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