Segundo um comunicado subscrito por 330 bispos e pastores angolanos, noticiado pela imprensa angolana, em causa estão práticas contrárias “à realidade africana e angolana” como a vasectomia, que tem sido imposta aos pastores por Edir Macedo, evasão de divisas e a venda de mais de metade do património da IURD Angola “sem consulta prévia”.
A direção da IURD reagiu através da sua página do Facebook, num comunicado assinado por Antônio Pedro Correia da Silva, repudiando a “rede difamatória e mentirosa” arquitetada por “ex-pastores desvinculados da instituição por desvio moral e até condutas criminosas” que terão como objetivo “terem sua ganância saciada”.
O documento dos bispos dissidentes salienta que a IURD – Angola, uma instituição religiosa de direito angolano, ao longo de 27 anos tem recorrido ao envio de missionários brasileiros para cumprir a sua missão de “pregação do evangelho” e prestação de assistência social e espiritual às famílias angolanas, o que criou um vínculo espiritual com a IURD – Brasil que “tem exercido a liderança e domínio absoluto” da instituição angolana.
Um domínio que se reflete, segundo o documento, “em todos os quadrantes da igreja, desde os púlpitos à área administrativa” e se traduz em “atos discriminatórios”, já que “na maior parte das vezes o principal critério para se atribuir certas responsabilidades eclesiásticas e/ou administrativas é a nacionalidade brasileira”.
Os pastores angolanos destacam que “não se reveem nem concordam” com atitudes e práticas da liderança brasileira, como a “evasão de divisas para exterior” e contestam o procedimento cirúrgico de “esterilização”, tecnicamente conhecido como vasectomia que tem sido imposto nos últimos doze meses por Edir Macedo aos pastores solteiros e casados.
“São claras violações graves dos direitos humanos, da lei e da Constituição da República de Angola, práticas estas que são estranhas aos costumes da nossa realidade africana e angolana”, criticam.
Denunciam ainda a decisão de vender mais de metade do património da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola, que inclui residências e, terrenos que foram adquiridos e/ou construídos com os dízimos, ofertas e doações dos bispos, pastores, obreiros e membros de Angola, sem prévia consulta à comunidade eclesial.
A “decisão do Bispo Macedo, em vender o património acima referido, foi transmitida em reunião secreta em Luanda, presidida pelo Bispo Honorilton Gonçalves, onde apenas alguns poucos pastores e bispos brasileiros participaram e nenhum Bispo/Pastor angolano teve acesso a tal reunião, nem sequer o representante legal da Igreja” junto do Estado, diz a IURD Angola.
Segundo os responsáveis angolanos, a “atitude da liderança brasileira é uma clara demonstração” de que os objetivos deixaram de ser aqueles pelos quais a IURD – Angola os convidou, pelo que o corpo de Bispos e Pastores “decidiu, em fórum próprio, pôr fim a qualquer vínculo com a liderança brasileira e com a IURD – Brasil” pelo que os líderes brasileiros deverão deixar o território nacional dentro dos prazos estabelecidos pelas autoridades migratórias”.
“A partir desta data a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola passa a ser liderada exclusivamente por Angolanos”, acrescenta o comunicado.
Segundo a Rádio Nacional de Angola, a direção da IURD Angola reuniu-se hoje com os bispos contestatários, sem, no entanto, chegarem a acordo para a resolução do conflito.
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