O protesto iniciou-se cerca das 20:30, à porta do Castelo Santiago da Barra, onde, pelas 21:00, teve início a reunião ordinária da Assembleia Municipal de Viana do Castelo.

Durante a concentração silenciosa, os pais e encarregados de educação empunhavam cartazes, com palavras de ordem como "Os nossos filhos não são gado", "Autocarros de 1982 não são para crianças", "Escola no top dos ‘rankings' com transportes de terceiro mundo".

Em declarações à agência Lusa, o presidente da associação de pais de Arga e Lima, Carlos Seixas, explicou que do total de alunos que frequentam o agrupamento, 228 alunos provenientes da margem sul do rio Lima são transportados por carreiras regulares que "não respeitam regras mínimas de segurança".

"Os autocarros têm mais de 30 anos, as viagens são feitas em pé, com alguns alunos sentados nas escadas do veículo, junto à porta de saída, amontoados", especificou Carlos Seixas.

O responsável da associação de pais adiantou que os autocarros que asseguram as "carreiras regulares" têm uma lotação que oscila entre 80 a 90 pessoas.

"A lei deixa que isto aconteça, mas a Câmara de Viana do Castelo é que não pode deixar que isto aconteça, porque o que está em causa é a segurança dos nossos filhos", sustentou.

Carlos Seixas frisou que os 228 alunos transportados nestas condições "têm direito a ter uma educação igual à dos outros alunos do concelho", lamentando que, "muitas vezes, cheguem atrasados e falhem a testes”.

O porta-voz dos pais e encarregados de educação do agrupamento de escolas de Arga e Lima garantiu que a situação se arrasta "há muitos anos" e que, apesar das três reuniões que manteve desde o início do ano com a vereadora da Educação, a situação se mantenha inalterada.

"Chegámos a um acordo e não deu em nada. Acordámos que seriam três autocarros a assegurar quatro percursos, sendo que um dos autocarros faria duas viagens. Nada disto foi cumprido", referiu.

Carlos Seixas adiantou as três soluções que os pais defendem e que vão apresentar na sessão da Assembleia Municipal, no período destinado à intervenção do público.

"Requisitar à transportadora o número de autocarros necessários para que sejam transportados sentados e em condições de segurança mínima, ou usar autocarros contratados pela câmara municipal para colmatar deficiências nos percursos e horários dos transportes escolares ou - e era o ideal - antecipar a obrigação legal que tem a partir de dezembro de 2019, assumindo integralmente o transporte de alunos", enumerou.

Se não for feito, garantiu que "serão usadas outras formas de luta”.

Questionada pela agência Lusa, a vereadora da Educação, Maria José Guerreiro, sublinhou que o serviço em causa "que não é concessionado pela autarquia, funcionando como uma carreira regular, autorizada pelo IMT - Instituto da Mobilidade e dos Transportes".

"A câmara o que pode fazer é mediar, o que tem feito, promovendo reuniões no sentido de perceber se havia ilegalidades, ou não, no transporte dos alunos e para estabelecer o diálogo entre os pais e a transportadora. Pareceu-nos que esse diálogo era possível, não me parecia provável que houvesse esta reação", afirmou.

Maria José Guerreiro reforçou a "legitimidade" do protesto dos pais que, disse "poderá ter tido origem na greve, que na última semana, afetou a empresa transportadora e causou instabilidade no transporte".