Promovida pelo PCP/Porto, a manifestação juntou sobretudo pessoas idosas, que se fizeram ouvir no local com palavras de ordem como “Correios sim, encerramento não” e que mostravam cartazes em que se lia “Os Correios são do povo”, “Público é de todos, privado é de alguns”.
Presente no local, a vereadora da CDU na Câmara do Porto, Ilda Figueiredo, afirmou à Lusa que levará à reunião camarária de terça-feira “uma proposta de protesto contra o encerramento” de mais dois postos dos CTT na cidade.
“É inadmissível que continue esta situação de encerrar postos, estações dos CTT, que são imprescindíveis para as populações”, disse Ilda Figueiredo.
A vereadora salientou que, no Porto, “nos últimos anos já encerraram mais de 10 postos dos CTT” e que com esta proposta pretende que o executivo “tome uma posição contra mais encerramentos”, “proteste junto da administração [da empresa] e refira ao Governo que esta situação não pode continuar”.
Ilda Figueiredo destacou que aquele posto da Galiza é sobretudo utilizado por “populações idosas, que utilizam o correio até para levantar a sua reforma” e “tudo isto piora a vida das populações”.
“O que se está a passar prova que nunca deveria ter sido privatizado o serviço dos CTT, sobretudo um serviço público ao serviço das populações”, disse, defendendo que “se reveja esta situação da privatização dos CTT e que naturalmente se garanta um serviço público essencial”.
Também presente na iniciativa, a deputada comunista do PCP Diana Ferreira salientou que o partido já apresentou um requerimento para ouvir no parlamento o ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, sobre o encerramento de 22 lojas dos CTT no país e nas ilhas, adiantando que só o “regresso do controlo público dos CTT” pode garantir “que um serviço público esteja ao serviço das populações e da economia nacional”.
“Desde 2014 foram distribuídos aos acionistas dos CTT 240 milhões de euros em dividendos. Quando falamos dos acionistas falamos da distribuição de dividendos e quando falamos da população falamos de encerramentos, e quando falamos de trabalhadores falamos de despedimentos. Não pode ser, isto tem de dar uma volta”, disse.
Henrique Pereira, que trabalha no edifício onde se situa a loja dos CTT — Galiza, juntou-se ao protesto por considerar incompreensível a decisão de o encerrar.
“Um dos pilares do serviço público é a proximidade à população e, nesse sentido, não compreendo o encerramento deste posto quando o mais próximo é na rotunda [da Boavista] e o outro é na [rua] Pedro Hispano. Vivem aqui imensas pessoas, idosos, neste prédio trabalham cerca de 700 pessoas e não temos nas proximidades outro posto”, sustentou.
Maria de Lurdes Fernandes, moradora naquela zona da cidade, marcou presença na manifestação para tentar evitar o encerramento daquele posto, que “faz falta a toda a gente”.
“Acho mal o encerramento. As reformas são pequenas e a gente tem que pagar transportes para ir para onde isto mudar. Dá muito jeito ter este posto aqui ao lado”, concluiu.
Um dirigente sindical que ali estava disse à Lusa que aquela loja dos CTT foi, de entre as 22 que encerrarão, “uma das que mais lucro deu”. Deu um lucro de 464 mil euros em 2017, referiu.
Os CTT confirmaram a 02 de janeiro o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação, que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
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