Num comunicado conjunto divulgado sábado à noite, os dois países dão conta que o período de trégua “poderá ser prolongada com o acordo de ambas as partes” o exército sudanês, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e as RSF, lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo.
O Departamento de Estado norte-americano adianta que as duas partes “concordaram em facilitar a entrega e a distribuição de assistência humanitária, restabelecer os serviços essenciais e retirar as tropas dos hospitais e das estruturas públicas críticas”.
Ataque aéreos e disparos de artilharia abalaram hoje a capital sudanesa, onde a embaixada do Qatar foi saqueada por homens armados, numa ilustração do caos que decorre no país após mais de um mês de guerra.
Em declarações à agência noticiosa AFP, habitantes da capital referiram-se a “ataques aéreos” cada vez mais violentos e que “fizeram tremer as paredes das casas”.
Os combates, desencadeados em 15 de abril, já provocaram perto de 1.000 mortos e mais de um milhão de refugiados e deslocados.
Enquanto as negociações para uma trégua humanitária estavam a decorrer, o general Al-Burhane designou três dos seus fiéis para a chefia do exército, após despedir na sexta-feira o general Daglo do seu posto de adjunto no Conselho de soberania e designado Malik Agar para o seu posto.
Este antigo rebelde que em 2020 assinou a paz com o poder de Cartum já tinha anunciado hoje num comunicado em tom apaziguador que pretende “terminar com a guerra e sentar-se à mesa das negociações”.
“A estabilidade apenas poderá ser restabelecida com um exército profissional e unificado”, indicou ao dirigir-se ao general Daglo.
A integração das FAR no exército esteve na origem da dissidência entre os generais Burhane e Daglo, e na sequência do golpe de 2021, no qual ambos e em conjunto afastaram os civis do poder.
A luta entre os dois homens pelo poder mergulhou o Sudão no caos. Repetem-se os testemunhos sobre ocupações de habitações, pilhagens e outros atos descontrolados, incluindo em diversos representações diplomáticas, como terá sucedido hoje com a embaixada do Qatar.
As conversações sobre corredores seguros para ajuda humanitária foram longas em Jeddah, na Arábia Saudita.
O emissário da ONU para o Sudão, Volker Perthes, que permaneceu no país, deslocou-se hoje a Nova Iorque onde deve dirigir-se ao Conselho de Segurança na segunda-feira.
Mais de metade dos sudaneses necessita de ajuda humanitária, e a ONU já anunciou que vai desbloquear 22 milhões de dólares (20,3 milhões de euros) de um fundo de emergência da ONU para ajudar os sudaneses que se refugiaram nos países limítrofes.
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