"É preciso que haja uma investigação como deve ser, o mais célere possível que é para depois também não prescrever", afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas em Évora.
Questionado sobre se o Estado deveria processar os responsáveis da CGD por alegadas más decisões, o líder social-democrata respondeu que "é lógico", referindo que, "depois de uma investigação, o MP tem a obrigação de fazer as acusações que se impõem".
"Se não se impuser nenhuma, não se faz nenhuma", notou, considerando que, "desde que os contribuintes sejam chamados a pagar, tem de haver uma investigação e uma responsabilização de quem tomou as decisões erradas".
Rui Rio sublinhou que os contribuintes portugueses "têm o direito de saber" o que se passou no banco público, "até como medida para que, no futuro, não seja assim" e que "quem toma as decisões pense duas vezes antes de as tomar".
"Não acredito que tenha sido tudo muito bem feito, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista de eventuais ligações pessoais, que estou convencido que tinham de existir, senão os montantes não eram estes", acrescentou.
O presidente social-democrata voltou a referir que PS, PCP e BE "acabaram com a comissão de inquérito" no parlamento "de modo a que ela não prosseguisse e não se viesse a conhecer aquilo que os portugueses têm direito a conhecer".
Sobre o sigilo bancário, Rui Rio insistiu que não vê razões para existir no caso de "empréstimos que não foram pagos", por "constituírem uma imparidade real irrecuperável e os contribuintes portugueses terem sido chamados a pagar do seu dinheiro".
Uma versão da auditoria da EY à CGD relativa ao período 2000-2015, com data de dezembro de 2017, refere que os administradores do banco público receberam "remuneração variável" e "voto de confiança", mesmo com resultados negativos.
A auditoria aponta "importantes insuficiências" organizacionais que poderão ter contribuído para decisões pouco fundamentadas na concessão de crédito e detetou sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e perdas, só nestas, de mais de 1.000 milhões de euros, entre as quais as operações de financiamento da fábrica da La Seda de Barcelona, em Sines.
Em Évora, o líder do PSD visitou o hospital da cidade e reuniu-se com o respetivo conselho de administração, tendo, no final, em declarações aos jornalistas, levantado dúvidas sobre a construção do novo Hospital Central do Alentejo, cujo projeto de financiamento foi apresentado este mês.
"Temo que isto tenha a ver com 2019 e haver eleições em outubro e não tanto com um passo absolutamente decisivo para que a obra esteja em execução dentro em breve", afirmou.
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