"Eu penso que faz todo o sentido haver uma comissão de inquérito para conseguirmos a auditoria, sem ser truncada", sublinhou Rui Rio, referindo que a auditoria vai chegar ao parlamento, mas com "aspetos que vão ser escondidos", nomeadamente, o nome dos devedores e dos que autorizaram os respetivos créditos.
Falando aos jornalistas antes de entrar para uma sessão com militantes do partido em Loulé, no Algarve, Rui Rio insistiu no apuramento de responsabilidades no plano político e criminal, se for caso disso, porque os portugueses entregaram "muito, muito, muito, muito dinheiro à banca”.
Para o líder dos sociais-democratas, os portugueses têm agora condições para, através da Assembleia da República e, em particular, de uma comissão de inquérito, "perceberem exatamente os erros" cometidos e quem "está nos eixos dessas decisões erradas".
"A vantagem é perceber quem decidiu, como decidiu, a quem foram dados os créditos, como foram dados os créditos, se houve compadrio na concessão de créditos e se as regras foram todas cumpridas, de prudência e de avaliação de risco", enumerou.
Contudo, Rui Rio avisou que é preciso "separar as águas", uma vez que há bancos que tiveram ajudas do Estado e as devolveram, como o BPI e o BCP, enquanto que com o Novo Banco, a CGD ou o Banif isso foi "completamente diferente".
Relativamente ao Novo Banco, Rui Rio mostrou-se expectante com o que vai acontecer a curto prazo, tendo em conta que as contas de 2018 daquele banco não terão sido ainda fechadas.
"Depois de fechadas, vamos saber se o Novo Banco vai pedir mais dinheiro ao sistema ou se não vai pedir mais dinheiro ao sistema, e eu estou expectante", disse.
Na passada semana foi conhecida uma versão preliminar de uma auditoria independente da EY sobre a gestão do banco público entre 2002 e 2015, com data de dezembro de 2017, que refere que os administradores receberam "remuneração variável" e "voto de confiança", mesmo com resultados negativos.
A auditoria aponta "importantes insuficiências" organizacionais que poderão ter contribuído para decisões pouco fundamentadas na concessão de crédito e detetou sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e perdas, só nestas, de mais de 1.000 milhões de euros.
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