O secretário-geral do PS, a partir dos estúdios no Porto, e a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, estiveram esta noite em debate na TVI, numa discussão marcada pelas questões fiscais, com os partidos a discordar em matéria de IRC e tributação sobre os combustíveis, e durante a qual houve ainda espaço para divisões entre os dois candidatos nas respostas à crise da habitação.

O debate arrancou com a discussão de políticas fiscais para as empresas, com Inês de Sousa Real a apelar - como já tinha feito no último debate com o BE - a que não se “diabolizem as empresas” e a sublinhar que, uma vez que este imposto não é progressivo, a descida deve ser transversal, para todas.

Sobre a mesma matéria, Pedro Nuno Santos mostrou-se contra uma descida do IRC “de forma transversal e sem critério”, dado o seu “custo orçamental muito elevado” e por considerar que “as reduções do IRC devem ser coletivas em função do destino que é dado aos lucros”.

A líder do PAN replicou que Pedro Nuno Santos estava a “quase que a diabolizar as empresas” e a “encostar-se mais uma vez à extrema-esquerda do que propriamente ao centro-esquerda”.

“De repente, achei que estava a debater com o Bloco de Esquerda e não com o Partido Socialista”, atirou Sousa Real, para acrescentar que o PS não votou a favor das propostas do PAN para taxar lucros excessivos ou acabar com as isenções sobre produtos petrolíferos.

Na réplica, Pedro Nuno disse “registar a tentativa de Inês de Sousa Real de colocar um rótulo de radicalismo na posição (do PS) no IRC”, salientando que esta é a posição do partido “há muitos anos, nomeadamente durante os governos liderados por António Costa”, o que significa, acrescentou, que “não há nenhuma radicalização”.

“Eu, aliás, acho que é radical querer perder-se 1.260 milhões de euros em dinheiro público que pode ser usado para apoiar as empresas e não dar uma borla fiscal (...) a empresas que, na realidade, não precisam delas”, afirmou.

Questionado sobre se o PS concorda que este é o momento para acabar com o desconto no imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), o líder socialista respondeu negativamente, argumentando “grande parte do povo português não tem acesso a transportes públicos ou coletivos” e que a aposta deve passar por investir nessa área e não por “sobrecarregar as famílias que dependem exclusivamente do automóvel para irem trabalhar”.

A líder do PAN voltou a discordar de Pedro Nuno, defendendo o fim do ISP e insistindo que o país não deve “continuar a dar a mão a quem mais polui” com “isenções e borlas fiscais”, em vez de beneficiar as famílias e, por exemplo, investir nos transportes públicos e financiar passes gratuitos.

Em matéria de habitação, Pedro Nuno Santos sublinhou que o PS não é “fã da alteração” feita à lei dos solos, mas que, na discussão do diploma em sede de especialidade, procurou “minorar os impactos negativos da proposta do Governo” e, mais tarde, defendeu a proposta socialista para recorrer aos lucros da Caixa Geral de Depósitos para financiar construção de casas.

Sobre esta proposta do programa eleitoral do PS, a líder do PAN argumentou que “os lucros excessivos da CGD são feitos à conta de comissões exorbitantes” e “alguma precariedade dos funcionários” e argumentou que “seria mais interessante” que o banco público “tivesse créditos mais competitivos para as famílias face a outros bancos e menos comissões”.

“Não nos opomos à distribuição destes lucros para esse efeito, mas achamos que não é de todo a solução”, acrescentou.