Em declarações à Lusa, João Torres explicou que o objetivo das manifestações “é mostrar descontentamento relativamente a um conjunto de matérias sobre as quais os trabalhadores não obtêm resposta”.
O dirigente sindical afirmou que os trabalhadores têm conseguido melhorias com a atual solução governamental, como “recuperação de direitos, aumento de salário mínimo e reposição de feriados”, mas que está na altura de o executivo liderado por António Costa “ultrapassar um conjunto de constrangimentos e de problemas que se mantêm por resolver”.
Em causa estão temas como a legislação laboral, que não foi alterada desde que foi modificada durante o resgate financeiro, desde logo a revogação da caducidade da contratação coletiva e a reintrodução do princípio da norma mais favorável.
“Há um conjunto de temas que para nós são estruturais e estratégicos e que o Governo não quer resolver. Há um descontentamento que vai crescendo no seio dos trabalhadores e que está bem patente nas lutas que têm vindo a desenvolver”, disse.
A CGTP vai realizar hoje duas manifestações, em Lisboa e no Porto, inseridas no Dia Nacional de Luta e com o lema “Unidos pela valorização do trabalho e dos trabalhadores”.
A manifestação em Lisboa começa com uma concentração às 15:00 no Marquês de Pombal, dirigindo-se depois os manifestantes para a Praça dos Restauradores, onde discursará o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
Já no Porto, os manifestantes concentram-se à mesma hora na Praça Campo 24 de Agosto, indo depois o protesto até à Praça de Almeida Garrett.
João Torres disse à Lusa que são esperados milhares de trabalhadores em protesto nas duas cidades.
No Porto irão manifestar-se todos os trabalhadores dos distritos a Norte do rio Douro e de Aveiro, enquanto os trabalhadores dos outros distritos juntar-se-ão ao protesto de Lisboa.
Já na sexta-feira, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, disse que as manifestações de hoje servirão para o executivo perceber que tem de ir de encontro aos pedidos dos trabalhadores, isto quando começa a haver o “sentimento de que o Governo está a ficar acomodado ao poder”, perante dados estatísticos favoráveis sobre a economia e sondagens positivas para o PS, e que “perde força para responder aos trabalhadores”.
“[As manifestações] não são para botar abaixo, são para dizer que o Governo tem de dar resposta aos problemas”, vincou.
O líder da CGTP considerou que os trabalhadores conseguiram melhorias na sua vida com este Governo, mas que ainda persistem “a legislação laboral da ‘troika’, a precariedade, 23% dos trabalhadores [730 mil] com salário mínimo nacional” e funcionários da administração pública sem aumentos e com carreiras congeladas.
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