Numa publicação de LinkedIn, Manuel Beja, chairman da TAP agora exonerado, decidiu quebrar o silêncio que tem mantido "por dever institucional".

O presidente não executivo da TAP diz que "os desenvolvimentos conhecidos", nomeadamente o parecer agora conhecido da Inspeção-Geral de Finanças (IGF)  — e que pode ser consultado aqui — levam-no "a tomar uma posição pública sobre a saída da TAP da ex-administradora Alexandra Reis".

Assim, refere, a saída de Alexandra Reis foi uma que tentou "sem sucesso evitar" e reflete "problemas de governança" na TAP.

"No entanto, foi aprovada pelo acionista, nesta matéria representado pela tutela setorial. A partir do momento em que essa indicação foi dada pelo representante do acionista, numa matéria que é da exclusiva responsabilidade deste, entendi que era minha responsabilidade fiduciária, como PCA, dar-lhe sequência, tendo presente a racionalidade económica apresentada e a legalidade confirmada pela sociedade de advogados contratada para o efeito, através da Presidente da Comissão Executiva".

Dizendo que foi de "boa-fé e segundo a instrução da tutela" que cumpriu o seu dever, assume que " é agora claro" que "o conselho jurídico recebido e executado de boa-fé teve erros".

A Inspeção-geral de Finanças (IGF) concluiu que o acordo celebrado para a saída de Alexandra Reis da TAP, com uma indemnização de 500 mil euros,  é nulo.

A administradora já disse que irá devolver o valor referido pela IGF, isto depois de o governo dizer que ia solicitar a sua devolução.

Na sequência das conclusões do relatório, o Governo exonerou o presidente do Conselho de Administração e a presidente executiva da TAP, Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener, e anunciou que escolheu Luís Silva Rodrigues, que atualmente lidera a Sata, para assumir ambos os cargos.

Alexandra Reis ingressou na TAP em setembro de 2017 e três anos depois foi nomeada administradora da companhia aérea, por indicação do acionista privado.

A antiga secretária de Estado do Tesouro deixou a administração da TAP em fevereiro e, em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da NAV Portugal – Navegação Aérea.

Em fevereiro, a companhia aérea enviou um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a dar conta de que Alexandra Reis tinha renunciado ao cargo na administração.

Em 27 de dezembro, Alexandra Reis apresentou o pedido de demissão das funções de secretária de Estado do Tesouro, solicitado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, depois dos esclarecimentos à TAP e de o próprio primeiro-ministro, António Costa, ter admitido que desconhecia os antecedentes de Alexandra Reis.

Já na madrugada de 29 de dezembro, demitiram-se o então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.