“O chefe da Mossad, David Barnea, reuniu-se ontem, sexta-feira, 08 de março, com o chefe da CIA, Bill Burns, como parte do esforço incansável para promover outro acordo para o regresso das pessoas raptadas”, afirma um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a respeito do encontro dos líderes dos serviços de informações dos Estados Unidos e de Israel.
Os países mediadores do conflito, Qatar, Egito e Estados Unidos, trabalham há semanas para chegar a um acordo antes do início do Ramadão, na segunda-feira, mas as negociações bloquearam perante as exigências incompatíveis de Israel e do movimento islamita palestiniano Hamas.
O Hamas exige o compromisso de pôr fim às hostilidades e a retirada das tropas israelitas, ao que Israel se opõe e apenas aceita uma trégua temporária, exigindo uma lista de reféns vivos, mas que o grupo palestiniano ainda não forneceu.
“Nesta fase, o Hamas está a reforçar a sua posição para impedir o acordo e procura incendiar a área durante o Ramadão à custa dos residentes palestinianos da Faixa de Gaza”, acusou o gabinete de Netanyahu.
O porta-voz das brigadas al-Qasam, o braço armado do Hamas, Abu Obeida, pediu na sexta-feira à noite uma mobilização geral dos palestinianos em todos os lugares durante o Ramadão “para enfrentar a arrogância da ocupação em todos os campos de batalha”.
Está prevista uma nova reunião no domingo no Cairo para tentar acelerar o acordo.
Segundo informações avançadas nos últimos dias, o objetivo é conseguir um cessar-fogo por alguns dias, enquanto se fecham os detalhes de um acordo que permita a troca de reféns por prisioneiros palestinianos.
“Os contactos e a cooperação com os mediadores continuam em todos os momentos, numa tentativa de reduzir lacunas e promover acordos”, observou o gabinete do chefe do Governo israelita.
O projeto de acordo prevê uma trégua de seis semanas e a troca de 40 reféns por cerca de 400 prisioneiros palestinianos.
Na semana passada, Israel recusou-se a enviar uma delegação para as negociações no Cairo se o Hamas não fornecesse uma lista dos 130 reféns vivos no enclave.
Os serviços de informações israelitas confirmaram a morte de cerca de trinta reféns, mas o Hamas aumentou o número para mais de 70 em resultado dos “bombardeamentos sionistas”.
Anteriormente, no âmbito da mediação do Qatar, Egito e Estados Unidos, foi alcançada uma trégua entre 24 e 30 de novembro, que incluiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas em troca de 240 prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro com um ataque em solo israelita do movimento islamita palestiniano Hamas, que deixou 1.163 mortos, na maioria civis, levando ainda cerca de 250 reféns, dos quais 130 dos quais permanecem em cativeiro no enclave.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, tendo sido mortas nas operações militares em grande escala quase 31 mil pessoas, na maioria mulheres e crianças, de acordo com as autoridades locais, controladas pelo grupo palestiniano.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
Comentários