Com um milhão e 100 mil votos (18,06%), o Chega de André Ventura foi o grande vencedor da noite eleitoral ao conseguir quadruplicar o seu grupo parlamentar, passando de 12 para pelo menos 46 deputados, quando falta atribuir quatro mandatos nos dois círculos da emigração.

O partido da extrema-direita portuguesa superou o resultado alcançado pelo Partido Renovador Democrático nas legislativas de 1985 (17,9%), apesar de ter ficado aquém da percentagem alcançada pela pela Aliança Povo Unido, que juntava o PCP e o MDP, e que atingiu os 18,8% nas legislativas de 1979 (47 deputados) e 18,1% (41 deputados) em 1983.

Mais mandatos do que o Chega só conseguiram o PS e o PSD, sozinhos ou coligados.

Nascido como o partido inspirado pelo antigo Presidente da República Ramalho Eanes, e na altura liderado por Hermínio Martinho, o PRD chegou a ameaçar a hegemonia do PS, de quem ficou a menos de três pontos percentuais nas legislativas de 1985, com 45 dos então 250 deputados, na primeira eleição ganha por Cavaco Silva como líder do PSD.

O fenómeno PRD foi 'sol de pouca dura' e, depois de aprovar uma moção de censura ao governo no parlamento em 1987, baixou para 4,9% e iniciou o seu caminho rumo à extinção, nas legislativas em que Cavaco Silva alcançou a sua primeira maioria absoluta.

Nas legislativas seguintes, em 1991, o PRD, que contava com destacadas figuras depois ligadas ao PS, como Medeiros Ferreira ou Marques Júnior, baixou para 0,6% e despareceu do radar da política portuguesa.

O Chega, ao ultrapassar a votação dos renovadores, mostra que tem uma palavra a dizer nas opções políticas de um parlamento composto por 230 deputados e em que o PSD e o PS têm 77 e 75 deputados, respetivamente, quando falta atribuir ainda 11 mandatos.