Em declarações aos jornalistas antes de uma curta arruada em Setúbal, ao lado do cabeça de lista às eleições europeias, o líder do Chega disse existir “meio milhão de pedidos” em análise pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA)e propôs “uma suspensão das entradas no país até estarem regularizados os imigrantes que aqui estão por regularizar”, ou seja, ”fechar fronteiras para os imigrantes extra comunitários”.
“Ninguém compreende que numa casa sobrelotada continuemos de porta aberta”, afirmou, referindo que “até a casa estar em ordem, trancas à porta”.
André Ventura defendeu que Portugal não pode “continuar de portas abertas se não consegue regularizar os que tem já no seu território”, indo mais longe do que a iniciativa que o grupo parlamentar entregou hoje na Assembleia da República.
No projeto de resolução (iniciativa sem força de lei), o Chega recomenda ao Governo a “imediata suspensão da emissão de qualquer nova autorização de residência, enquanto todas as que atualmente estão pendentes na AIMA não forem analisadas e decididas”.
Quanto aos cem funcionários que querem sair da AIMA, André Ventura referiu que “a prioridade tem de ser reforçar” aquela entidade, mas alertou que é preciso que estas pessoas tenham formação.
“Nós não podemos, enquanto treinamos e não treinamos, enquanto chamamos e não chamamos, deixar o país invadir-se de migrantes”, afirmou.
Sobre a necessidade de mão-de-obra estrangeira, André Ventura considerou que estas 500 mil pessoas podem ser encaminhadas para as empresas que precisem.
“Senão qualquer dia temos mais imigrantes do que pessoas… que portugueses, e acho que isso não é bom”, defendeu.
O líder do Chega alegou que Portugal pode “fechar as suas fronteiras a estes imigrantes até ter a situação controlada” porque “os países têm a sua própria autonomia dentro do espaço Schengen”.
“Estamos a falar de imigrantes extra comunitários e Portugal neste momento vive uma situação excecional”, alegou, considerando que “é preciso uma medida radical para impedir a entrada massiva e descontrolada de pessoas”.
A fiscalização, propôs o líder do Chega, ficará a cargo da polícia.
Ventura disse também que espera, entretanto, conseguir ”sensibilizar o Governo para a implementação de novas regras de entrada no país”, mais apertadas, e que vai falar com o grupo parlamentar do PSD para encontrarem uma solução que permita “a reconstrução de uma agência que consiga acompanhar estes processos e que não permita entrar mais ninguém, exceto as condições excecionais que a lei permite”, até Portugal ter “a casa em ordem”.
O cabeça de lista do Chega às eleições europeias indicou que “cidadãos do Bangladesh, do Nepal, da Índia, do Paquistão não podem entrar em Portugal sem visto” e que “o espaço Schengen requer que isso seja dessa forma”, mas há imigrantes que “chegam aqui sem visto e entram”.
Questionado como isso é possível, e visivelmente irritado com a insistência dos jornalistas, António Tânger Corrêa respondeu: “Vá para o aeroporto e veja. Quem é que entra? Eles todos, os indostânicos e estes gajos que precisam de visto, sem visto”.
O antigo embaixador disse que “foi desrespeitada a lei nestes últimos tempos” e que o “Chega quer a aplicação da lei”, não se tratando de “cancelar vistos”.
André Ventura tomou de novo a palavra para insistir que o partido propõe “uma suspensão de entrada de pessoas de fora, extra comunitárias” e que esses imigrantes “não terão visto” porque “com meio milhão por regularizar”, o país não pode “regularizar mais”.
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