Numa reunião à margem da Conferência de Segurança de Munique, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês e Amorim, enviado especial do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmaram a boa saúde das relações bilaterais.

Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que ambos destacaram o trabalho da plataforma “Amigos da Paz”, criada pelos dois países dentro da ONU para explorar soluções pacíficas alternativas para a guerra na Ucrânia, e comprometeram-se a desempenhar um papel construtivo na obtenção de uma solução política.

A China e o Brasil têm pressionado os países em desenvolvimento para que apoiem um plano de paz, com seis pontos, que apresentaram em 2024, que descreve a invasão russa da Ucrânia como “uma crise”, pede “o fim da escalada ou provocação por qualquer das partes” e apela a uma conferência internacional de paz através de um “debate justo”.

A iniciativa foi recebida com cepticismo por muitos países ocidentais e pela própria Ucrânia, principalmente devido à ambiguidade demonstrada por Pequim desde o início do conflito e ao seu apoio tácito a Moscovo.

Wang realçou que a China está disposta a trabalhar com o Brasil para continuar a cooperação, “praticar o verdadeiro multilateralismo, defender o papel fundamental das Nações Unidas e salvaguardar os direitos e interesses legítimos dos países do Sul Global”.

Amorim disse ao diplomata chinês que o Brasil está aberto a continuar a trabalhar com o gigante asiático para “defender a justiça internacional”.

Wang e Amorim concordaram ainda em aprofundar a cooperação na América Latina e no seio da comunidade BRICS de economias emergentes, cuja presidência rotativa foi assumida pelo Brasil este ano.

A cimeira de chefes de Estado dos BRICS, formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, terá lugar no Rio de Janeiro nos dias 06 e 07 de julho.

Além dos países fundadores, nos últimos anos, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia, o Irão, a Indonésia e a Arábia Saudita juntaram-se ao bloco como membros de pleno direito, e a Bolívia, Cuba, a Bielorrússia, o Cazaquistão, a Malásia, a Tailândia, o Uganda, o Uzbequistão e a Nigéria juntaram-se recentemente como Estados associados.

De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008.

O mercado chinês foi o destino de 30% das exportações brasileiras em 2023, ano em que totalizaram 104 mil milhões de dólares (100 mil milhões de euros), constituídas maioritariamente por produtos alimentares e matérias-primas.

A China mantém investimentos no Brasil de cerca de 40 mil milhões de dólares (38,4 mil milhões de euros), sobretudo no setor energético.