A versão do documento finalizada por Pequim na quinta-feira “exorta os Estados-membros [do Conselho de Segurança] a proibir a transferência de armas pequenas e ligeiras e munições para agentes não estatais que apoiem a violência de gangues, crimes ou violações de direitos humanos no Haiti”.

Na sua proposta, a China também exigiu que o Conselho de Segurança da ONU imponha sanções individuais (congelamento de bens, proibição de viagens) contra líderes de gangues, no prazo de 30 dias após a adoção da resolução, enquanto o texto subscrito pelos EUA e pelo México se limita a considerar essa possibilidade em 90 dias.

As negociações diplomáticas acontecem no momento em que as autoridades haitianas fizeram uma rara apreensão de armas no porto da capital, Porto Príncipe.

A administração alfandegária haitiana informou, na quinta-feira à noite, que já tinha capturado “18 armas de guerra, quatro pistolas de 9mm, 14.646 cartuchos, 140 carregadores, uma mira e 50.000 dólares norte-americanos”.

Vários mandados de prisão foram emitidos contra indivíduos suspeitos de estarem ligados à chegada desse carregamento ao Haiti.

Se o Haiti continuar sob pressão para iniciar um processo político que conduza a eleições presidenciais e legislativas antecipadas, Pequim deverá ainda pedir à ONU para ponderar o envio de uma força de segurança regional para apoiar a polícia haitiana no processo — uma exigência que não surge na proposta subscrita pelos Estados Unidos e pelo México.

O México, aliás, limita-se a pedir ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que analise com os países da região “as opções possíveis” para fortalecer a segurança no Haiti.

Confrontos entre gangues têm feito dezenas de mortos em Porto Príncipe, onde a inflação está a escalar e o combustível começa a faltar, o que tem agravado o clima de tensão entre grupos rivais.

Segundo diplomatas, Estados Unidos e México, ao abordar as negociações, não querem ir tão longe como a China nos embargos contra a violência no Haiti, apesar de fontes diplomáticas norte-americanas reconhecerem que Washington não se oporá a um endurecimento da posição das Nações Unidas.

A China tem mostrado cada vez mais interesse nos assuntos do Haiti, alegando que quer evitar uma crise política e económica naquele país e denunciando a falta de uma estratégia consistente por parte da comunidade internacional.

Uma fonte diplomática chinesa defendeu que as autoridades haitianas devem ser penalizadas pela sua complacência com o aumento de violência por parte dos gangues, o que poderá ser conseguido através de um embargo à importação de armas pessoais.