“A China vai continuar a abrir-se mais [ao exterior]. A abertura trouxe grandes progressos à China e vai agora auxiliar a reforma do país, eventualmente levando a uma prosperidade que servirá de boas-vindas às empresas, nomeadamente as europeias”, vincou o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, falando aos jornalistas após a cimeira bilateral entre aquele país e a União Europeis (UE).

Insistindo que “a abertura é uma característica deste Governo e é algo que vai continuar”, o responsável apontou que, em junho, será divulgada “uma nova lista negativa”, estabelecendo os setores aos quais os investidores estrangeiros não podem ter livre acesso, que “será muito mais curta”.

“Isto vai permitir que as empresas, não só as europeias, como de outras partes do mundo, beneficiem de igual tratamento no acesso ao mercado”, à semelhança das companhias nacionais, observou.

Também visando “melhorar o ambiente de negócios” na China, Li Keqiang comprometeu-se a criar um “mecanismo legal de reclamações para que, num determinado espaço, as empresas indiquem as dificuldades com que estão a lidar [no acesso ao mercado], de forma a criar um panorama mais justo”.

Isto porque, “durante a cimeira, falava com os presidentes [da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk] e disseram-se que alguns investidores se queixam de que, para aceder ao mercado chinês, têm de ultrapassar uma série de obstáculos e de dificuldades”, justificou o governante.

Também falando na conferência de imprensa, Jean-Claude Juncker notou que “é necessário encontrar um maior equilíbrio e nível de reciprocidade” entre o mercado europeu e chinês.

“A Europa quer negociar mais e investir mais na China, mas precisamos de regras que nos permitam fazê-lo”, salientou, pedindo a remoção de barreiras.

As declarações foram feitas após a cimeira bilateral entre a UE e a China realizada hoje em Bruxelas.

Numa declaração conjunta divulgada após a ocasião, foram assumidos compromissos como a mobilização de esforços para a reforma da Organização Mundial de Comércio (OMC) e a intensificação de conversações bilaterais sobre subsídios industriais e sobre condições de igualdade nos acessos aos mercados.

Porém, não é dito como isso será feito, pelo que, para traçar a cooperação nesta área do comércio, a China e a UE vão “reunir-se assim que possível”, de acordo com o documento.

Falando sobre a questão dos subsídios, Li Keqiang disse aos jornalistas estar disponível a “discuti-los com a UE”.

Numa cimeira que os analistas já esperavam ter poucos resultados, foram ainda reafirmados compromissos na área da cibersegurança, do combate às alterações climáticas e da defesa.

A China é dos maiores parceiros económicos da UE, juntamente com os Estados Unidos, tendo sido, no ano passado, o principal mercado de importação para os países da União, num total de 394 mil milhões de euros.

No que toca às exportações da UE, foi o segundo país destinatário, num total de 210 mil milhões de euros, segundo dados do gabinete de estatísticas europeu, o Eurostat, referentes a 2018.