De acordo com o Global Times, jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), as agências Tuniu e Tongcheng foram multadas em 300.000 yuan (38.453 euros) por fazerem negócios com países que não figuram na lista de destinos aprovados pelas autoridades.
A oferta que disponibilizavam também incluía excursões ao arquipélago de Palau, no Pacífico, também sem relações diplomáticas com a China.
As medidas foram tomadas na sequência de uma inspeção recente por parte das autoridades de turismo da China às ofertas das agências para o outono e inverno.
A lista de destinos autorizados pela China é composta por 127 países e passou a incluir, desde a semana passada, o Panamá, após o estabelecimento de laços diplomáticos entre os dois governos na sequência da rutura dos laços do Panamá com Taiwan.
A exclusão do Vaticano surpreende por Itália ser um destino autorizado para os turistas chinesas, dado que não existem limites fronteiriços entre a Santa Sé e o resto da cidade de Roma, pelo que é difícil controlar a entrada de chineses se se encontrarem na capital italiana.
Além disso, o anúncio da aplicação de sanções às duas agências por incluírem o Vaticano na oferta turística surge numa altura de aproximação entre Pequim e a Santa Sé.
Esta semana foi anunciado que os Museus do Vaticano e da Cidade Proibida vão trocar aproximadamente 40 valiosas peças das coleções para uma exposição, a ter lugar na Santa Sé e em Pequim, na primavera do próximo ano, que marca uma aproximação sem precedentes.
O eventual estabelecimento de relações diplomáticas entre o Vaticano e a China é um assunto recorrente desde que se iniciaram os contactos entre os dois Estados para resolverem as suas diferenças.
Até à data, pese embora os muitos contactos entre Pequim e o Vaticano, não se registaram quaisquer avanços relativamente à nomeação de bispos, à situação da Igreja Patriótica chinesa, à liberdade religiosa na China e aos laços diplomáticos do Vaticano com Taiwan.
Tentativas anteriores de restaurar as relações têm sido travadas pela insistência chinesa de que o Vaticano volte atrás no reconhecimento de Taiwan e se comprometa a não interferir nos assuntos religiosos chineses.
Pequim cortou as relações diplomáticas com o Vaticano em 1951, depois de o Partido Comunista ter tomado o poder e constituído a sua própria igreja fora da autoridade do papa.
Oficialmente, existem cerca de 24 milhões de católicos na China, o país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1.375 milhões de habitantes.
O culto só é autorizado nas igrejas aprovadas pelo Estado, pela Associação Católica Patriótica Chinesa, que reconhece o papa como um líder espiritual, mas rejeita a sua autoridade na ordenação de padres e bispos.
No entanto, existem na China igrejas clandestinas que permanecem fiéis ao Vaticano.
Macau e Hong Kong são os únicos locais em toda a China onde a autoridade papal na Igreja Católica Romana é aceite.
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