“Poderá esta conjugação de fatores, a saturação dos solos com a sismicidade que estamos a registar, promover ou desencadear movimentos de vertente que, no caso da ilha de São Jorge, tradicionalmente são desabamentos que estão associados a materiais rochosos muito fraturados”, afirmou em declarações aos jornalistas.

Rui Marques falava após ter participado numa reunião com o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, com o presidente da Câmara das Velas e com os responsáveis da Proteção Civil, em São Jorge.

O responsável do CIVISA afirmou que, neste momento, se está perante uma “crise sísmica dentro daquilo que é um sistema vulcânico ativo”, podendo ocorrer uma erupção ou um sismo de maior magnitude dos registados até ao momento (a maior magnitude registada até agora foi de 3,3 na escala de Richter).

“As duas hipóteses estão em cima da mesa”, salientou.

Rui Marques acrescentou ainda que o CIVISA, que tem neste momento sete elementos na ilha de São Jorge, está a “aumentar a capacidade de monitorização” através da “implementação de mais estações sísmicas” e de “três estações de monitorização para analisar deformação do terreno”.

O responsável do CIVISA explicou também que o nível de alerta vulcânico de V4 é o mais alto possível para a atual situação, porque o nível V5 só pode ser acionado em caso de erupção.

Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa “possibilidade real de erupção”.

No mesmo dia, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu avisos amarelos para as nove ilhas dos Açores, devido às previsões de precipitação por vezes forte, podendo ser acompanhada de trovoada.

Para o grupo central (Terceira, São Jorge, Pico, Graciosa e Faial) foi emitido também aviso amarelo, por causa da precipitação por vezes forte, podendo ser acompanhada de trovoada, entre as 02:00 de sexta-feira e as 11:00 de sábado.

A atividade sísmica na ilha de São Jorge “continua acima do normal” e nas últimas horas “foram sentidos 11 sismos”, informou hoje o CIVISA.

Também na quarta-feira, a Proteção Civil dos Açores ativou o Plano Regional de Emergência devido à elevada atividade sísmica que se regista em São Jorge desde sábado.

Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge, entre Velas e a Fajã das Almas, que abandone as suas casas.

Os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha, Calheta e Velas, também já foram ativados.