O artigo do jornal foi publicado horas depois de a Casa Branca ter anunciado que o Presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou uma análise aprofundada dos ataques informáticos durante a campanha eleitoral e exigiu um relatório antes de entregar o poder a Donald Trump, a 20 de janeiro.

A equipa de Trump já rejeitou as conclusões dos analistas da CIA, argumentando que são “os mesmos que disseram que [o ex-presidente do Iraque] Sadam Hussein tinha armas de destruição massiva”.

“As eleições já acabaram há muito tempo e com uma das maiores vitórias a nível do colégio eleitoral. É tempo de ir em frente”, disse a equipa do Presidente eleito.

Segundo o artigo do Washington Post, pessoas ligadas a Moscovo passaram ‘emails’ ao ‘site’ Wikileaks pirateados de contas do diretor de campanha da candidata democrata, Hillary Clinton, e de contas do Partido Democrata, entre outras. O objetivo era denegrir a imagem de Clinton.

Os agentes da CIA pensam que o objetivo da Rússia “era favorecer um candidato”, “ajudar Trump a ser eleito”, disse uma fonte que o jornal identifica como um alto responsável conhecedor de uma exposição que os serviços secretos fizeram a senadores.

Segundo as fontes do Washington Post, os agentes da CIA disseram aos senadores que é “bastante claro” que Moscovo queria ajudar Trump a ganhar e que esta ideia é “consensual” entre a comunidade de inteligência dos EUA.

O jornal ressalva que esta avaliação está, contudo, longe de constituir um relatório da CIA e que há interrogações que persistem. Por outro lado, os serviços secretos dos EUA não têm qualquer prova de que responsáveis do Kremlin tenham ordenado a interlocutores o envio de emails pirateados para o Wikileaks, refere uma das fontes citadas.

O fundador do Wikileaks tem negado ligações à Rússia.

A conselheira de Obama para a segurança interna Lisa Monaco disse na sexta-feira que o Presidente norte-americano “pediu às agências de serviços secretos para realizarem uma análise completa sobre o que se passou durante o processo eleitoral 2016″.

“Ele espera um relatório antes da sua saída do poder. Cabe-nos fazer um balanço, compreender o que se passou e daí retirar lições”, acrescentou.

No início de outubro, Washington acusou Moscovo de tentar interferir no processo eleitoral dos Estados Unidos, orquestrando atos de pirataria de contas de correio eletrónico de figuras públicas e instituições norte-americanas.

Senadores democratas pediram a Obama que tornasse públicos os elementos desse caso.

Trump repetiu durante a campanha elogios ao Presidente russo, Vladimir Putin, e sempre afirmou não acreditar em qualquer ingerência de Moscovo para enfraquecer Clinton.

No princípio de setembro, o diretor da polícia federal (FBI), James Comey, disse levar “muito a sério” o risco de ingerência de um país estrangeiro no processo eleitoral norte-americano. Menosprezou, contudo, o risco de ataques informáticos destinados a perturbar a contagem de votos no dia do escrutínio, especialmente devido ao caráter um pouco antiquado e diferente do sistema eleitoral norte-americano.