Com as ferramentas necessárias, os cientistas poderiam conseguir trazer de volta espécies já extintas ou criar uma espécie bastante semelhante à que desapareceu, inserindo genes de mamute no ADN dos elefantes asiáticos, por exemplo, escreve o The New York Times. Isto permitiria gerar uma população sustentável de mamutes que percorreria novamente a tundra - um microclima caracterizado pelos verões curtos, baixas temperaturas e vegetações rasteiras. No entanto, é necessário considerar que o número de elefantes asiáticos está a diminuir drasticamente, visto que são alvo de caça furtiva e o seu habitat está a desaparecer aos poucos. Para os especialistas, em 50 anos estes animais podem desaparecer da face da terra. Como os recursos não são ilimitados impõe-se a questão: recriar ou preservar?
Joseph Bennett, professor assistente e investigador na área da conservação da Carleton University, juntamente com a sua equipa, começou a analisar os riscos associados à recuperação de espécies extintas através da biologia molecular. Se, por um lado, isto permitiria retomar as espécies perdidas, por outro, é necessário ter em conta que nem todas as espécies seriam de recuperar, quer pelas suas características, quer pelas características dos seus ecossistemas. Além disso, os recursos financeiros são limitados, pelo que seria necessário optar entre a preservação e a recuperação da espécie extinta.
Para Joseph Bennett, "se temos milhões de dólares para ressuscitar uma espécie e o fazemos estamos a tomar uma decisão ética de trazer uma espécie de volta e deixar muitas outras serem extintas. Seria um passo em frente e três a oito para trás", diz.
Mas nem todos os cientistas pensam desta forma. Alguns consideram mesmo que a análise de Bennet distancia-se bastante dos reais desenvolvimentos neste campo da ciência.
Para a equipa de Bennet - e uma vez que ainda não são conhecidos os custos financeiros destas reconstruções genéticas - o 'preço' de recuperar uma espécie é calculado tendo por base o custo de uma eventual reintrodução das espécies nos seus habitats. Apesar de reconhecer que a recriação de espécies pode ter benefícios, o investigador considera que é um luxo para o qual não há recursos suficientes atualmente.
O tema é cada vez mais discutido e já existem iniciativas sem fins lucrativos, como a Revive & Restore, em São Francisco, que pretende resgatar espécies ameaçadas e em vias de extinção através da manipulação genética e da biotecnologia. Para Ben Novak, investigador principal da instituição não é obrigatório que o investimento em recriação genética tenha um impacto negativo nos recursos financeiros destinados à preservação de uma determinada espécie. As duas coisas podem conviver.
Por fim, é de referir que ainda não é certo que os esforços de reconstrução genética sejam levados a bom porto, o que aumenta o risco associado a esta solução.
Algumas estimativas indicam que atualmente cerca de 20% das espécies na terra correm risco de extinção e que essa percentagem pode aumentar para 50% até ao final do século.
Comentários