O ruído de sinos de igreja, patos, gansos, galos (como Maurice, o galo cujo caso chegou aos tribunais franceses) e até sapos tem sido a fonte de muitas queixas — e até mesmo de ações legais — de visitantes e de habitantes das cidades próximas da zona rural francesa.

Contudo, agora é o silêncio que está a causar mal-estar, conta o The Guardian. Afinal, as famosas cigarras de Provença, consideradas um símbolo da região, com os seus cantos que marcaram o verão durante milénios e que são símbolo de sorte, ficaram caladas este ano.

De acordo com o folclore provençal, a cigarra foi enviada por Deus para despertar os trabalhadores locais das suas sestas da tarde, para evitar que fossem demasiado preguiçosos — o que seria agora um problema com esta alteração de comportamento.

Segundo os especialistas, o silêncio dos animais é o resultado da onda de calor que levou as temperaturas em toda a Europa a baterem recordes históricos.

"Temos observado que as cigarras quase nunca cantam à tarde, quando a temperatura ultrapassa os 36ºC à sombra. Está demasiado calor para elas", disse Serge Zaka, um especialista em agro-clima, à France 3. "Devido ao calor não conseguem regular a sua temperatura e, como resultado, já não cantam".

Assim, se o calor for para continuar, estes insetos podem ter de arranjar uma nova "casa". "Com as alterações climáticas, é muito provável que vejamos a área habitada pelas espécies evoluir. As cigarras irão subir o Vale do Ródano mais para norte e procurarão altitude nos Pirenéus e nos Alpes do Sul e nas Cévennes", explicou Zaka.

Para além de afetarem a capacidade de canto da cigarra macho, as ondas de calor extremas podem reduzir o número de ovos e larvas produzidas pelas fêmeas, levando a um declínio acentuado da população destes insetos.

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