O coordenador do “FILMar – Digitalização do Património Cinematográfico”, Tiago Bartolomeu Costa, explicou à agência Lusa que a concretização do projeto está ligeiramente atrasada, por causa da pandemia da covid-19, mas estão já em curso a identificação dos filmes a serem digitalizados, a contratação de quatro técnicos e a atualização de equipamento do laboratório fílmico da Cinemateca.
O projeto “FILMar”, que foi lançado em 2020 e durará quatro anos, conta com um financiamento de cerca de 880 mil euros, através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), para o qual contribuem a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega.
Segundo Tiago Bartolomeu Costa, este ano o projeto contará com dois ‘momentos-âncora’, o primeiro dos quais a 12 de junho, com o arranque simbólico do “FILMar”, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.
É lá que será exibido o filme “Maria do Mar” (1930), de Leitão de Barros, com música original composta por Bernardo Sassetti. O filme foi já digitalizado, mas está em falta uma nova edição em DVD, pelo que a exibição pretende sublinhar uma das “joias da coroa” do cinema português, disse o coordenador.
A 30 de setembro, Dia Internacional do Mar, é iniciado o programa de atividades de divulgação sobre cinema, digitalização e património, que contará com exibições, um seminário e o lançamento de uma página oficial.
Mesmo que esteja condicionado pela temática do mar, este projeto é uma oportunidade de digitalização de parte do património fílmico português, que se estende por 125 anos, explicou Tiago Bartolomeu Costa.
Dos 10.000 minutos que serão digitalizados, 7.000 minutos serão de longas-metragens de ficção e documentário, e os restantes 3.000 minutos, de curtas-metragens, incluindo filme científico, de propaganda, de promoção turística e de atualidades.
Num país com uma profunda ligação histórica e geográfica ao mar, era evidente que a temática estivesse presente desde o início da história do cinema português, pelo que é um desafio escolher o que será digitalizado e devolvido à comunidade, sustentou o coordenador.
“O cinema de património ganhou dimensão importante e queremos alargar esta reflexão. Nos arquivos da Cinemateca, por exemplo, existem muitos filmes científicos e que são importantes para auxiliar a investigação sobre territórios”, disse.
Há questões técnicas associadas às escolhas das obras a digitalizar, como os direitos de autor e o estado de conservação das matrizes fílmicas, mas estão identificadas já cerca de cem longas-metragens de ficção.
Da programação direcionada para o público está prevista a realização de uma retrospetiva de longas-metragens, em Lisboa e em Oslo, uma vez que a Noruega é parceira no projeto.
Está também prevista a edição de um catálogo e de vários DVD, nomeadamente dos filmes “Maria do Mar”, com música interpretada pela Sinfonietta de Lisboa e por Bernardo Sassetti, e “Heróis do Mar” (1950), de Fernando Garcia, este em colaboração com a câmara municipal de Ílhavo.
Para Tiago Bartolomeu Costa, o “FILMar” provará que “é possível ler a história do cinema português através desta temática”.
O Mecanismo Financeiro plurianual – EEA Grants -, através do qual a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega apoiam financeiramente Estados-membros da União Europeia, para reduzir disparidades económicas e sociais, foi criado em 1994 e concretiza atualmente o quarto ciclo, que tem o mar como tema.
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