A cimeira mundial, que prossegue na sexta-feira em formato digital por causa da pandemia da covid-19, é promovida por Joe Biden, que hoje, na abertura, se comprometeu a reduzir para metade as emissões de gases com efeito de estufa do seu país até ao fim da década, apelando às maiores economias do mundo para se lançarem no mesmo caminho.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu para que se forme "uma coligação global de países, regiões, cidades e empresas" que se comprometa com o objetivo de emissões carbónicas neutras até 2050.

Objetivo que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, exortou a comunidade internacional a seguir, replicando a meta traçada pelos países da União Europeia.

A chanceler alemã, Ângela Merkel, assegurou que o seu país continuará a fazer "a parte que lhe compete" na luta contra o aquecimento global, enquanto o Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu mais celeridade na aplicação do Acordo de Paris, bem como um sistema de regulação de emissões de carbono que seja "claro e mensurável".

O ministro português do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, considerou "crucial para a Europa e para o mundo" o atual momento e manifestou o empenho de Portugal em aumentar a ambição na adaptação às alterações climáticas.

Fora do eixo comunitário, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que "crescimento e emprego" são as palavras-chave do "desafio político" do combate às alterações climáticas, rejeitando encará-lo como "um gesto dispendioso e politicamente correto de abraçar coelhinhos ou coisa do género".

Um "sinal inequívoco" foi o que o Presidente das Ilhas Marshall, David Kabua, pediu às nações mais desenvolvidas, para que se empenhem em manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 graus até ao fim do século.

Pouco antes do início da cimeira, o Japão, a terceira economia mundial, pela voz do primeiro-ministro, Yoshihide Suga, comprometeu-se a aumentar de 26% para 46% a redução das emissões de dióxido de carbono até 2030.

Na mesma lógica de aceleração de metas, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, antecipou de 2060 para 2050 o prazo para acabar com as emissões de gases com efeito estufa, prometendo acabar com a desflorestação ilegal até 2030.

Enquanto o Presidente russo, Vladimir Putin, pediu uma cooperação internacional na luta contra as alterações climáticas, o homólogo chinês, Xi Jinping, apesar de invocar os princípios do multilateralismo nesse combate, defendeu que os países devem assumir "responsabilidades diferenciadas" conforme a sua prosperidade económica.

Em concreto, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, propôs que seja cobrado aos países do G20, os maiores emissores de gases poluentes, um robusto preço mínimo pelas emissões de carbono, para ajudar à transição para uma economia sustentável.

O chefe de Estado do Vaticano e líder da Igreja Católica, papa Francisco, apelou a todos para que sejam "zeladores da Natureza", salientando que no "desafio pós-pandemia" é "cada vez mais importante" garantir um "ambiente mais limpo e mais puro".

Em contraciclo, a jovem ativista sueca Greta Thunberg acusou os líderes mundiais de ignorarem as alterações climáticas, avisando-os que serão julgados pelas próximas gerações.

Antes, uma outra jovem, Xyie Bastida, natural do México mas a viver nos Estados Unidos desde 2015, acusou os mesmos líderes de serem "ingénuos e irrealistas" nas ambições do combate ao aquecimento do planeta, assinalando que são eles que "criam e encontram maneiras de contornar as suas próprias legislações, resoluções, políticas e acordos".

Para o grupo de ativistas português Climáximo, as cimeiras do clima gastam mais recursos e energia em 'marketing' e estratégias de comunicação do que na criação de políticas públicas de combate às alterações climáticas, que exige urgência.

Em comunicado, a organização ambientalista internacional Greenpeace considerou que os "passos escassos" dos líderes mundiais em relação ao clima estão a conduzir o mundo "à catástrofe".

Ao convocar a Cimeira de Líderes sobre o Clima, o Presidente norte-americano, Joe Biden, quis mostrar que os Estados Unidos estão de regresso à luta contra as alterações climáticas, num encontro virtual que junta até sexta-feira potências mundiais que representam cerca de 80% das emissões de gases responsáveis pelo aquecimento da Terra, cujo dia se comemorou hoje.