Desde o meio da semana que a zona entre a Ajuda e Alcântara, junto ao hotel Pestana Palace Lisboa, está com trânsito condicionado e com limitações à circulação de transportes públicos devido à reunião do Clube de Bilderberg, que se realiza desde ontem na capital portuguesa, prolongando-se até domingo.
O aparato policial que se faz sentir na área envolvente é justificado pela lista de participantes que inclui nomes destacados da política internacional, como o do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, vários primeiro-ministros europeus e um lote de convidados de renome como o ex-secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger (que completa 100 anos dentro de poucos dias), o xadrezista e ativista político Garry Kasparov (que tem a particularidade de ter dupla nacionalidade, russa e americana) e e o diretor da CIA, William Burns.
Prova da proximidade que a política e a tecnologia têm nos dias de hoje é também a presença de vários gestores de empresas tecnológicas globais, como Eric Schmidt, ex-CEO da Google, Peter Thiel, investidor de Silicon Valley por trás de projetos como PayPal e Facebook, e Satya Nadella, diretor-executivo da Microsoft.
Entre os participantes portugueses, estão presentes o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, o ex-primeiro-ministro Durão Barroso e Francisco Pinto Balsemão, fundador e presidente do Grupo Impresa, que fez parte durante 32 anos da direção do Clube de Bilderberg. Estão também presentes líderes empresariais como o CEO da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, o CEO da Galp, Filipe Silva e o CEO de uma das startups portuguesas que alcançou o estatuto de unicórnio, Nuno Sebastião, da Feedzai.
Segundo avança o Expresso, a reunião foi classificada foi classificada pelos serviços de segurança como sendo de grau de ameaça 3, ou de risco elevado (1 - risco máximo, 5- risco desprezível).
Os 180 quartos do Pestana Palace ficaram desde quarta-feira à noite reservados para os convidados do Clube de Bilderberg. Segundo declarações de José Theotónio, CEO do Grupo Pestana ao Expresso, quando o holtel é integralmente fechado para com chefes de Estado “o que acontece é que estes trazem os seus seguranças pessoais, e a regra é que estes contactam com a polícia portuguesa para cumprimento dos requisitos de segurança que pretendem, e é a PSP que os transmite ao hotel. Não somos nós que definimos as regras de segurança”.
Os funcionários do hotel são identificados e recebem um cartão sem o qual não podem entrar e o mesmo escrutínio é aplicado a fornecedores que tenham de aceder às instalações.
Esta não é a primeira vez que o Clube de Bilderberg reune em Portugal, mas a última aconteceu há mais de 20 anos, em 1999.
O Clube Bilderberg foi fundado em 1954 e reune uma vez por ano, juntando durante um fim de semana cerca de uma centena e meia de líderes políticos e económicos da Europa e dos Estados Unidos. A primeira reunião teve lugar no Hotel de Bilderberg, nos Países Baixos, local que deu nome ao grupo. O exilado polaco Józef Hieronim Retinger foi num dos promotores, tendo a primeira reunião envolvido nomes da família real holandesa, como o princípe Bernardo de Lippe-Biesterfeld, o primeiro-ministro belga de então, Paul van Zeeland, o então CEO da Unilever, Paul Rijkens, também holandês em articulação com o chefe da CIA, à época, Walter Bedell Smith.
A mecânica de participação estabelecida definiu que seriam convidados dois participantes por cada país presente, tendo como objetivo que representassem visões diferentes do mundo, uma mais progressista e outra mais conservadora.
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