Além dos quatro detidos em Lisboa, os únicos a nível nacional, a PSP procedeu à identificação de 24 manifestantes em todo o país durante os protestos dos "coletes amarelos", que tiveram fraca adesão, disse ainda Alexandre Coimbra à agência Lusa.

A rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, foi o último local de onde manifestantes dos “coletes amarelos” desmobilizaram.

Cerca das 19:10, restavam 12 “coletes amarelos” no Marquês de Pombal, onde pelas 12:00 a PSP deteve três pessoas por “desobediência, resistência e coação à autoridade”, após um dos vários momentos de tensão entre manifestantes e a polícia.

Os próprios manifestantes não se entenderam entre si em várias ocasiões, como em Braga, onde pelas 13:20 o protesto terminou com desacatos entre participantes, mas também em Lisboa, onde chegaram a estar em desacordo sobre o destino do protesto, quando por exemplo uns gritaram "Assembleia, Assembleia" e outros "daqui não saímos".

A manifestação convocada para o final da tarde junto ao Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República, reuniu quatro pessoas, conforme constatou a Lusa no local.

Até às 19:30 eram conhecidas apenas 12 identificações feitas pela PSP a manifestantes no Porto e em Coimbra, além dos três homens detidos em Lisboa.

Apesar da fraca expressão, o protesto cortou por momentos algumas vias e obrigou a alguns condicionamentos de trânsito.

A Direção Nacional da PSP abriu um processo interno para averiguar o comportamento de um agente daquela força policial que, em Coimbra, foi visto num vídeo a despir e atirar o colete da polícia para o chão e, aparentemente, desafiar os manifestantes.

O primeiro-ministro, António Costa, que se deslocou de manhã ao Seixal, na margem Sul do rio Tejo, foi o primeiro responsável político a referir-se aos protestos, numa altura em que não havia ainda incidentes a registar.

“Nós desejamos que, como é próprio e tradicional em Portugal, que a manifestação se realize com liberdade democrática e obviamente com respeito e tranquilidade. É assim que tem estado a correr e é assim que espero que continue até ao fim do dia”, afirmou o chefe do Governo.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teve igualmente agenda, e, falando perante o Conselho da Diáspora Portuguesa, não se referiu aos protestos, mas aconselhou os atores políticos a “olhar com mais atenção” para o que mudou na Europa e no país.

O presidente do PSD, Rui Rio, qualificou o protesto como um fracasso, mas também como “um aviso”, defendendo que os partidos tradicionais têm de perceber a necessidade de mudar e atacar os “problemas estruturais”.

Já a coordenadora bloquista, Catarina Martins, atribuiu a fraca adesão ao protesto à "tentativa de instrumentalização da extrema-direita", considerando que "as pessoas em Portugal sabem que não será daí que vem a solução".

 O PCP destacou a escassa participação verificada nos protestos que contrasta com “uma promoção mediática artificial”, considerando que os portugueses rejeitam esta ação de “intenções obscuras”. “O PCP considera que, independentemente dos promotores, da dissimulação de objetivos reacionários, de elementos demagogicamente invocados, se regista um enorme contraste entre uma promoção mediática artificial com uma dimensão raramente vista e a escassa participação verificada (apenas algumas centenas de pessoas no conjunto do país)”, é referido num comunicado do PCP enviado à comunicação social ao final da tarde de hoje.

Entre os partidos, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, foi a única que tentou uma aproximação aos “coletes amarelos”, ao afirmar que muitas das teclas que estão a ser tocadas" pelos manifestantes são semelhantes às que o partido "tem vindo a insistir no parlamento”.


 De norte a sul foi assim:

Aveiro

  • Pelas 09:00, a Estrada Nacional 109, junto ao nó de acesso à Autoestrada 25, foi cortada momentaneamente por cerca de 40 elementos do protesto. A PSP conseguiu desbloquear a estrada, mas os “coletes amarelos” voltaram minutos depois a fazer dois novos cortes. Seguiu-se uma pequena marcha lenta ao longo da EN109, até à rotunda do Rato. Já perto das 11:00, e depois de terem sido ouvidos petardos a rebentar na zona, ascendia a 50 o número de manifestantes, que atravessaram passadeiras para condicionar o trânsito;
  • Os participantes, que cantaram o hino, têm empunhado cartazes com inscrições como “não tem perigo, o povo é sereno, o povo autoriza” e reivindicações: aumento do salário mínimo para 100 euros, redução dos impostos e “democracia pura”;
  • Os cerca de 50 manifestantes que participaram no protesto dos "coletes amarelos" em Aveiro desmobilizaram cerca das 13:00 com a promessa de realização de novas ações “em breve”.

Braga

  • O protesto mais significativo ocorreu em Braga, onde todas as entradas norte à cidade, na rotunda das Ínfias, foram bloqueadas por mais de meia centena de “coletes amarelos” desde as 06:00, tendo-se registado algumas altercações com automobilistas que tentavam passar, mas sem gravidade. Segundo constatou a agência Lusa no local, mais de meia centena de coletes amarelos deram pontapés e atiraram garrafas a viaturas que tentaram furar o bloqueio;
  • Por volta das 10:00, a PSP ordenou que fossem retirados os carros e camiões que estavam a bloquear o acesso à cidade. A desmobilização começou de forma pacífica, mas quando chegou a altura de retirar o último camião bloqueado, que não pertencia ao grupo de manifestantes, os ânimos exaltaram-se com uma discussão;

  • Às 13h, o trânsito foi reposto num sentido no nó das Infias, em Braga, depois de a PSP ter forçado os manifestantes a sair da estrada naquele nó, estando os “coletes amarelos” a dirigir-se agora para a cidade; O trânsito já circula em direção a Braga, mas continua cortada a saída da cidade pelo mesmo nó;.

  • A manifestação terminou pelas 13:20, com desacatos entre alguns manifestantes, após uma reunião entre os responsáveis pela organização da iniciativa e o presidente da Câmara, Ricardo Rio. O anúncio da desmobilização, feito pelo porta-voz da organização, Filipe Monteiro, espoletou os protestos de alguns dos manifestantes, tendo mesmo havido alguns confrontos físicos entre eles.

Coimbra

  • Cerca de 20 pessoas estavam ao início da manhã concentradas na rotunda da Casa do Sal, sem provocar cortes de trânsito. Segundo a PSP, no começo do protesto foram identificados quatro participantes;
  • Por volta das 08:30, os manifestantes deixaram a rotunda da Casa do Sal e dividiram-se em dois grupos. Os coletes amarelos rumaram até junto da rotunda da estação de Coimbra B e do terminal rodoviário na Avenida Fernão de Magalhães, parando nas passadeiras, mas sendo de imediato retirados pela polícia. Os maiores condicionamentos na circulação rodoviária ocorreram quando o grupo se dirigiu à rotunda do Almegue e subiu ao tabuleiro superior da Ponte Açude, criando uma longa fila de veículos no acesso ao Itinerário Complementar (IC) 2 para sul. Os manifestantes, durante o percurso, gritaram palavras de ordem como “a roubar é fácil governar”. Depois da rotunda do Almegue, os manifestantes regressaram pela Ponte Açude, descendo à Fernão de Magalhães, para voltarem ao local do início da concentração;
  • Depois das 10:00, seis dezenas de manifestantes condicionaram o trânsito, mas sempre controlados por efetivos da Polícia de Segurança Pública;
  • A Direção Nacional da PSP abriu um processo interno para averiguar o comportamento de um agente policial em Coimbra que, num vídeo publicado hoje nas redes socais, despe o colete de polícia e confronta manifestantes dos “coletes amarelos”.
  • Pelas 18:30 de hoje, o trânsito processava-se normalmente na rotunda da Casa do Sal, que é um dos principais acessos à cidade de Coimbra, à semelhança do que sucedeu durante todo o dia, em que a circulação automóvel não sofreu grandes constrangimentos, constatou a Lusa no local.

  • Sancho Antunes, um dos promotores da iniciativa em Coimbra, disse à agência Lusa, a meio da tarde, que “foi uma boa jornada de luta, apesar da fraca adesão”.

Faro

  • No centro de Faro, por volta das 11h30, uma centena de pessoas procuraram ocupar continuamente as passadeiras de peões, o que causou pequenos atrasos no acesso à capital algarvia;
  • Os manifestantes começaram, lentamente, a chegar a uma das principais rotundas de acesso à cidade, na Estrada Nacional (EN) 125, cerca das 07:00 e uma hora depois contabilizava-se meia centena de pessoas no local, número que depois duplicou ao longo da manhã, sem causar incidentes.

Guarda

  • Por volta das 09:00, o número de manifestantes era de 16, sem haver registo de problemas no trânsito. Os manifestantes juntaram-se na rotunda do G, um dos principais acessos à cidade, e em frente da Câmara Municipal, sem causarem problemas no trânsito;
  • Durante o protesto empunharam duas bandeiras de Portugal e cartazes com mensagens como “Políticos = gatunos, corruptos, chulos”, “A23/A25 nem uma borla. Deputados é só subsídios”, “Chega de impostos para manter pançudos”, “Basta de corrupção” e “Baixar os impostos”.

Leiria

Lisboa

  • A PSP deteve  três pessoas na zona do Marquês de Pombal que faziam parte do protesto dos “coletes amarelos”.
  • Trânsito condicionado no Marquês de Pombal e tensão entre polícia e manifestantes. Perto das 10:00, com uma ‘caixa de segurança’, a polícia obrigou os participantes que se juntaram na rotunda a ir para o passeio lateral da Avenida da Liberdade, perante alguns gritos de protesto, mas sem registo de incidentes. O grupo sentou-se então no chão, enquanto da coluna de som se ouviu o hino francês. Cerca das 10:30, quando o cordão policial foi furado, viveram-se novos momentos de tensão. Concentrado no início da Avenida da Liberdade desde as 10:00, o grupo já se fragmentou, com algumas pessoas a desistirem e a abandonarem a caixa de segurança. Depois de alguns momentos de tensão entre os participantes no protesto e a polícia, os "coletes amarelos" mantinham-se, pelas 11:50, no separador dos anéis interior e exterior da rotunda, rodeados por um anel de segurança;
  • A polícia reabriu o trânsito no anel interior da rotunda do Marquês de Pombal às 11:17, mas mantém um troço da Avenida Braamcamp encerrado (que tem saída e entrada no Marquês de Pombal), no troço até ao cruzamento com a Rua Castilho. Os manifestantes tinham anunciado a intenção de realizar uma marcha até à Presidência da República, mas o percurso não se iniciou;
  • Quatro horas depois do início da manifestação em Lisboa, os “coletes amarelos” transferiram o protesto alguns metros do Marquês de Pombal e posicionaram-se ao longo da rua Braamcamp, que liga ao Largo do Rato. Até ao momento, continua a não haver certezas quanto à continuidade do protesto, se permanecem na Rua Braamcamp ou se seguem para o parlamento;
  • Nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama e as portagens de Alverca da Autoestrada do Norte (A1), importantes pontos de acesso a Lisboa, a circulação tem estado a fazer-se sem impacto do protesto ou mesmo de uma forma mais rápida do que o habitual num dia útil de manhã;
  • No entanto, de referir que pelas 08:15, a A8 contava com três quilómetros de fila a chegar às portagens de Loures;
  • Os "coletes amarelos" que ainda resistiam ao final da tarde no Marquês de Pombal começaram a desmobilizar após as 19:00, restando menos de duas dezenas, rodeados por mais de 50 polícias.

Santarém

  • No distrito de Santarém,  Abrantes e Tomar somaram 26 pessoas, segundo a ronda feita pela agência Lusa.

Porto

  • Um grupo de lesados do antigo Banco Espírito Santo (BES) juntou-se ao protesto dos “coletes amarelos” no Porto, antecipando a manifestação agendada para sábado, em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa.
  • A polícia identificou de manhã oito manifestantes do protesto, junto à rotunda do Nó de Francos, no acesso à cidade do Porto. Os manifestantes foram identificados por “apresentarem tarjas ofensivas e demonstrarem uma postura agressiva”. Um destes elementos, foi levado para a esquadra, para verificação, por vestir um colete à prova de bala;
  • Até às 07:30, mais de 100 manifestantes chegaram à rotunda do Nó de Francos, no acesso à cidade, onde estão a ser distribuídos panfletos aos condutores, alguns dos quais reclamam por terem de abrandar. Um condutor afetado pelo bloqueio saiu da viatura para agredir um manifestante, tendo-se gerado alguma confusão no local, que exigiu a intervenção da polícia. Por volta das 10:45 começaram a desmobilizar daquele local, dirigindo-se a pé em direção à rotunda da Boavista. Os manifestantes chegaram pelas 12:30 à avenida dos Aliados, onde acabaram por desmobilizar pouco antes das 13:00, ficando apenas sete pessoas a conversar.
  • Uma das estratégias dos coletes amarelos no Porto foi a de atravessar constantemente as passadeiras, fazendo aumentar os abrandamentos.
  • A manifestação obrigou as operadoras de transportes públicos Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) e Resende a ajustar e condicionar percursos de algumas linhas.

Viseu

  • Na zona do Rossio, cerca de quatro dezenas de manifestantes estavam de manhã a condicionar o trânsito enquanto atravessam continuamente as passadeiras.
  • A manifestação em Viseu “foi das mais fracas do país”, disse à agência Lusa, ao final da tarde, após a desmobilização dos manifestantes, o porta voz do movimento "coletes amarelos" no distrito, Hugo Moreira.

  • “Temos muita pena, mas a manifestação em Viseu foi das mais fracas do país", mas "não vamos desistir e já estamos a organizar para sábado da próxima semana [29 de dezembro] uma outra manifestação, porque tivemos muitas pessoas a dizer-nos que não podiam vir para não faltarem ao trabalho”, explicou. Hugo Moreira admitiu ainda que “o ponto alto do dia de hoje foi a meio da manhã", quando os manifetantes conseguiram "condicionar de alguma forma o trânsito no Rossio”, no centro da cidade, mas que, em seu entender, “foi pouco para o que era esperado”.

[Notícia atualizada às 20h39]