Os manifestantes começaram, lentamente, a chegar a uma das principais rotundas de acesso à cidade, na Estrada Nacional (EN) 125, cerca das 07:00 e uma hora depois contabilizava-se meia centena de pessoas no local, número que depois duplicou ao longo da manhã, sem causar incidentes, disse à Lusa fonte policial.
Perante a tentativa dos agentes da PSP em contrariar o atravessamento contínuo das passadeiras, os participantes faziam um movimento de "vai vem", empunhando cartazes onde se podia ler "Combustível mais baixo", "Aumento do salário mínimo", "IVA mais baixo" ou reclamações mais locais como "Por um Algarve livre de portagens".
Tendo como pano de fundo o hino nacional e música de intervenção, os participantes tentavam incentivar os automobilistas a apitarem, enquanto gritavam palavras de ordem como "Vai-te embora Costa", "Pelo fim das Parcerias Público-Privadas (PPP)" ou "Pelo fim das subvenções vitalícias".
A "indignação" motivou João Seixas a conduzir até Faro desde Portimão, a 60 quilómetros de distância, para onde também estava marcada uma concentração no Largo 1º de Maio, convocatória à qual não compareceu ninguém entre 07:00 e as 07:30, segundo constatou a Lusa no local.
Em declarações à Lusa, aquele participante mostrou-se "dececionado por ver tão poucas pessoas" a aderirem ao protesto, argumentando que a situação atual do país "afeta toda a gente" e que o povo devia ser mais "mexido", para que os políticos não olhassem para os portugueses como "mansos".
Manuel Gonçalves, da cidade vizinha de Loulé, confessou à Lusa que, apesar de não ser habitualmente "simpatizante de manifestações", decidiu participar por achar "que é um dever cívico contrariar a situação instalada", embora considere que o povo algarvio é "acomodado".
Sílvia Brasinha, de Olhão, diz mesmo "não suportar mais" a situação do país, que está a levar a que as pessoas não vivam, mas sim tentem sobreviver, confessando que já diz à filha que ela tem de emigrar, pois "aqui não há futuro".
João da Mata vive na Bordeira, zona rural do concelho de Faro, e disse à Lusa que decidiu "enfrentar o frio" das primeiras horas da manhã e participar por ser português, porque Portugal é de todos e as pessoas não merecem ser enganadas por "gente que pensa que é uma elite e que está no poleiro".
Os protestos dos “coletes amarelos” em Portugal foram convocados por vários grupos através das redes sociais, com inspiração nos movimentos contestatários das últimas semanas em França.
Um dos grupos, Movimento Coletes Amarelos Portugal, num manifesto divulgado na quarta-feira, propõe uma redução de impostos na eletricidade, com incidência nas taxas de audiovisual e emissão de dióxido de carbono, uma diminuição do IVA e do IRC para as micro e pequenas empresas, bem como o fim do imposto sobre produtos petrolíferos e redução para metade do IVA sobre combustíveis.
Não tolerando qualquer ato de violência ou vandalismo, este movimento, que se intitula como “pacífico e apartidário”, defende também o combate contra a corrupção.
A lista das manifestações dos “coletes amarelos” na área de atuação da PSP somava 25 protestos em 17 locais das principais cidades do país.
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