“A exoneração de um Comandante de Regimento nunca pode ser vista como ‘normal’ e deve ser assumida com frontalidade e verticalidade, pela cadeia de Comando Militar”, refere o documento que foi entregue na Casa Civil da Presidência da República pelo grupo de 15 representantes de “mais de uma centena de signatários”.

O grupo - vestido com roupas civis mas com a boina vermelha dos comandos - entregou uma carta no Palácio de Belém e depois concentou-se junto ao Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA), em Lisboa.

“Esta tomada de posição dos militares comandos na disponibilidade [reserva] deve-se à exoneração do nosso comandante Pipa Amorim, do Regimento de Comandos, porque ele apoiou de forma incondicional os seus militares, principalmente os militares que estão envolvidos no processo do falecimento dos dois instruendos”, disse à Lusa, Pedro Cruz, comando na reserva e um dos promotores do protesto.

De acordo com Pedro Cruz, o Presidente da República deve pronunciar-se sobre a exoneração do coronel Pipa de Amorim.

“Tem sido um oficial que comandou as missões na República Centro Africana. Um comandante ser exonerado assim é injusto. Entregamos uma carta ao Presidente da República, Comandante Supremo das Forças Armadas, e gostaríamos que se pronunciasse acerca desta exoneração tomada de ânimo leve. Não é de bom tom exonerar assim um comandante de um regimento que tanto dá a este país”, acrescentou Pedro Cruz.

O coronel Pipa Amorim, comandante do Regimento de Comandos, foi exonerado pelo general Rovisco Duarte, depois de este ter proferido um discurso na cerimónia de comemoração dos 56 anos dos comandos em que aborda o processo relativo às mortes dos recrutas Dylan Silva e Hugo Abreu, instruendos do 127.º curso de comandos.

O coronel Pipa Amorim foi substituído pelo tenente-coronel Eduardo Pombo.

Para os militares na reserva que se manifestaram hoje em Lisboa o “sentimento” do protesto pela exoneração do comandante do regimento “reflete” o mesmo sentimento dos “comandos no ativo”.

“Reflete totalmente, mas os militares comandos no ativo não se podem pronunciar como nós. Obedecem a uma hierarquia. Os militares comandos na disponibilidade e os militares comandos no ativo têm o mesmo sentimento de tristeza”, em relação à exoneração, afirmou Pedro Cruz que serviu oito anos no Regimento de Comandos.

Os representantes dos signatários da carta concentraram-se depois junto ao EMGFA, no Restelo, em Lisboa, (Ministério da Defesa Nacional) onde entregaram uma carta dirigida ao secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestello.

No local da concentração colocaram duas bandeiras de Portugal e um estandarte do Regimento de Comandos.

“O Ministério da Defesa deveria dar uma explicação aos militares e aos portugueses sobre a forma como se exonera um comandante de um regimento de ânimo tão leve”, disse o promotor do encontro.

Segundo Pedro Cruz, a tomada de posição dos militares na reserva surgiu de forma inorgânica através das redes sociais e não foi promovida por qualquer organização ou entidade.