“A atuação do Governo é, sim, marcada por um profundo desrespeito pelo princípio da coesão territorial, ao preocupar-se em garantir abastecimento mínimo apenas em Lisboa e no Porto. Para este Governo, o país limita-se aos locais de concentração de eleitores, agindo em função do taticismo eleitoral”, lê-se numa nota da Comissão Executiva do partido, enviada à agência Lusa.

Na ótica do partido, “esta situação é a cabal demonstração das vãs promessas que o Governo tem vindo a fazer, bem sabendo que não as podia cumprir”.

“A Aliança reitera, assim, a importância de adotar políticas económicas que promovam o crescimento e a competitividade, requisitos essenciais para a melhoria das condições laborais dos trabalhadores portugueses, incluindo os motoristas de materiais perigosos”, refere.

O partido liderado pelo antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes assinala também, que “perante o caos instalado no acesso aos combustíveis”, o “Governo teve todas as condições para atuar preventivamente”, notando que “o pré-aviso da greve foi entregue a 01 de abril e o Governo falhou todas as previsões sobre o seu impacto”.

“Passaram 15 dias e, só agora, em vésperas de Páscoa, os portugueses conheceram a dimensão do problema, quando nada podiam fazer. Os portugueses não foram alertados, o Governo falhou, não assumiu o seu papel de negociação para a resolução do conflito e demonstra uma desorientação absoluta”, salienta.

Na nota, divulgada após reunião da Comissão Executiva da Aliança, refere que “o aeroporto de Lisboa continua a não ser abastecido por um oleoduto (ligação Aveiras-Portela), estando o projeto para a sua construção parado há cinco anos”.

“Não fossem as cativações, e talvez não estivéssemos a viver a decretada crise energética”, advogou.

A greve começou às 00:00 de segunda-feira e foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.

Face à escassez de combustíveis, o Governo declarou a “situação de alerta” e, na quarta-feira à noite, definiu uma rede de 310 postos prioritários que ficam obrigados a reservar 20% do seu combustível para uso exclusivo das entidades prioritárias.

Nesses postos prioritários, o abastecimento do público em geral está limitado a 15 litros de gasolina ou gasóleo por veículo.

As entidades prioritárias são as Forças Armadas, as forças de segurança e os agentes de proteção civil, os serviços de emergência médica e transporte de medicamentos, as entidades públicas ou privadas que prestam serviços públicos, designadamente transporte coletivo de passageiros, recolha de resíduos urbana e limpeza urbana, serviços de água, energia e telecomunicações, bem como entidades que asseguram o transporte de pessoas portadoras de deficiência.

Em caso de necessidade, os postos prioritários podem “requerer a presença de elementos das forças de segurança”, segundo um despacho do Governo.

A PSP anunciou o reforço do policiamento em cerca de 400 postos de abastecimento de combustíveis, em articulação com a GNR, para prevenir perturbações da ordem pública e no trânsito, nos aeroportos e refinarias, num total de mais de mil elementos destacados.