Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos (Adifa), Diogo Gouveia, disse que a "medida de racionalização" visa as empresas gerirem melhor as reservas de combustível ainda disponíveis e continuarem a garantir a acessibilidade aos medicamentos.

"Pelo menos uma vez por dia estamos a ir às farmácias", afirmou, assinalando, sem concretizar, que "nalgumas situações não vai ser assegurada a segunda ou terceira entrega diária" de medicamentos nas farmácias.

"Depende das zonas e das empresas" de distribuição, justificou.

A Adifa pede para que os distribuidores de medicamentos tenham acesso prioritário aos combustíveis, à semelhança das entidades que prestam socorro e segurança.

O pedido foi endereçado, por correio eletrónico, aos ministérios da Saúde, Economia e Ambiente, à Direção-Geral da Saúde, aos grupos parlamentares e à Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), com a qual a Adifa abordou hoje diretamente o assunto numa reunião, adiantou Diogo Gouveia.

Sem querer "criar alarmismos", mas "fazendo alguma pressão" para que as empresas de distribuição de medicamentos sejam abrangidas por "medidas excecionais" no acesso aos combustíveis, o presidente da Adifa admitiu que "no início da próxima semana" poderá "ter situações de dificuldade para assegurar uma entrega diária" de medicamentos nas farmácias.

Em média, as 700 viaturas das empresas associadas da Adifa percorrem 200 mil quilómetros por dia, precisou.

"Dia sim, dia não, os carros têm de encher o depósito", contabilizou, ressalvando que alguma empresas têm pontos de abastecimento de combustível próprios, enquanto outras "estão completamente" dependentes dos postos convencionais.

Apifarma pede medicamentos no serviço mínimo para evitar situação grave

A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) pediu hoje a inclusão da distribuição de medicamentos nos serviços mínimos de abastecimento de combustível para evitar “uma grave situação de saúde pública”, decorrente da greve dos motoristas.

“Esta situação torna-se premente, sob pena de ser criada uma grave situação de saúde pública com a falta de medicamentos nos hospitais e farmácias durante o período de greve dos motoristas de camiões de combustíveis”, alerta a Apifarma em comunicado.

A associação que representa a indústria farmacêutica precisa que solicitou aos ministérios da Saúde, da Administração Interna e do Ambiente e da Transição Energética que a distribuição de medicamentos a hospitais e farmácias seja incluída nos serviços mínimos.

O primeiro-ministro, António Costa, admitiu alargar os serviços mínimos e adiantou que o abastecimento de combustível está “inteiramente assegurado” para aeroportos, forças de segurança e emergência.

A greve, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.

Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder “aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.

Face à paralisação, o Governo declarou na terça-feira "situação de alerta" e avançou com medidas excecionais para garantir os abastecimentos de combustível, além da requisição civil por alegado incumprimento dos serviços mínimos.