O alerta surge nas perguntas e respostas da Direção-Geral da Saúde (DGS) e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), e foi, esta semana, reforçado pelo Ministério da Agricultura, após ter sido registada a divulgação de mensagens falsas relacionadas com a segurança alimentar.

“A transmissão do novo coronavírus ocorre por via respiratória e conjuntival, mediante contacto entre pessoas”, não sendo, assim, possível a transmissão deste vírus através de alimentos, cozinhados ou crus, alerta o ministério liderado por Maria do Céu Albuquerque, num comunicado recentemente divulgado.

Porém, este facto não dispensa as regras gerais de higiene na manipulação dos alimentos, como a desinfeção apropriada das bancadas de trabalho e das mesas com produtos apropriados ou evitar partilhar comida ou objetos entre pessoas durante a sua preparação, confecção e consumo.

Segundo a EFSA, “a experiência dos surtos anteriores com coronavírus” mostra que a transmissão não ocorreu através do consumo alimentar.

O mesmo documento refere, a este respeito, que o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) sublinha que a transmissão do vírus “ocorre pessoa a pessoa e por contacto próximo” com infetados pelo vírus ou superfícies e objetos contaminados.

Por sua vez, a ASAE também divulgou uma orientação que vai no mesmo sentido. “Tomando em consideração todos os estudos levados a cabo até ao momento, não existe evidência de qualquer tipo de contaminação através da ingestão de comida cozinhada ou crua”, destaca esta autoridade, numa publicação no ‘site’ do Ministério da Economia.

A DGS também já tinha disponibilizado esta informação num documento de perguntas e respostas, publicado ‘online’, no qual são citadas as conclusões da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), que revelam não existir, até ao momento, evidência de qualquer tipo de contaminação através do consumo de alimentos cozinhados ou crus.

Nesse guia, a Direção-Geral de Saúde deixa-lhe ainda dicas como ir às compras, o que comprar ou como manter uma alimentação saudável em tempos de isolamento. Resumimos algumas das recomendações:

Como pode planear suas compras. Deve:

  • Verificar os alimentos que ainda tem disponíveis em casa;
  • Verificar a capacidade de armazenamento à temperatura de refrigeração e congelação;
  • Planear as diferentes refeições que pretende fazer;
  • Considerar a importância de incluir maioritariamente alimentos que fazem parte de um padrão alimentar saudável;
  • Optar por alimentos que tenham um prazo de validade mais longo;
  • Preferir alimentos de elevado valor nutricional em detrimento de alimentos com elevada densidade energética;
  • Assegurar a compra de produtos frescos;
  • Nas idas às compras devem ser asseguradas todas as precauções para minimizar o risco de infeção para o próprio e para os outros.

A que alimentos deve ser dada preferência?

  • Cereais de pequeno-almoço e pão: têm boa durabilidade, elevada riqueza nutricional e não necessitam de ser armazenados no frigorífico;
  • Hortícolas com maior durabilidade: cenoura, cebola, courgette, abóbora, brócolos, couve-flor, feijão verde, produtos hortícolas congelados (mediante da capacidade do congelador);
  • Fruta com maior durabilidade: maçã, pêra, laranja, tangerina;
  • Ovos: têm boa durabilidade, elevada riqueza nutricional e não necessitam de ser armazenados no frigorífico;
  • Conservas de pescado, pescado congelado ou pescado fresco (que deve ser utilizado para consumo em 2/3 dias após a compra);
  • Carne congelada (gerir quantidades de acordo com a capacidade de armazenamento) e  carne fresca (deve ser utilizado para consumo em 2/3 dias após a compra);
  • Leguminosas, frescas ou em conserva: podem em algumas refeições ser alternativos à carne, pescado e ovos;
  • Leite;
  • Nozes, amêndoas ou avelãs podem ser uma boa opção como snack;
  • Outros: café, tomate pelado ou compotas.