Em declarações à Lusa, Andreia Oliveira, coordenadora do estudo, explicou hoje que as crianças que aos 7 anos têm um padrão alimentar rico em alimentos de elevada densidade energética e processados, como o fiambre, salsichas, queijo, chouriço, bolos e refrigerantes, têm “já alterações cardiometabólicas aos 10 anos”.

“As alterações podem não representar doença, mas sabemos de estudos anteriores que indicam que quando há alterações em idades tão precoces, normalmente, estas crianças vão ter mais probabilidades de desenvolver doença no futuro”, salientou.

A investigação, recentemente publicada na revista Clinical Nutrition, avaliou 3.500 crianças da Geração XXI (projeto do ISPUP que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças da cidade do Porto) aos 7 e aos 10 anos.

Segundo explicou a investigadora, aos 7 anos as crianças foram avaliadas tendo em conta um “questionário de frequência alimentar” e aos 10 anos foram submetidas a uma colheita de sangue para a análise de “alguns parâmetros metabólicos”, como o colesterol, os triglicéridos e a pressão arterial.

Além desta avaliação, as investigadoras do ISPUP também recolheram informações sobre as “variáveis que podem confundir esta associação”, como o peso da criança ao nascimento, a escolaridade dos pais, a atividade física da criança e o seu género.

“Os resultados que temos são ajustados para estas variáveis, independentemente do efeito que possam ter”, afirmou Andreia Oliveira, adiantando, no entanto, que “o estatuto socioeconómico e o ambiente familiar são sempre os principais determinantes”.

Segundo a investigadora, os resultados apontam que, “independentemente destas características, existe na mesma uma relação entre este padrão e as alterações metabólicas, mas sem dúvida que parte destas alterações vêm muito do contexto socioeconómico destas famílias”.

Para Andreia Oliveira, é por isso necessário “educar os pais” para esta temática, uma vez que a família desempenha “um papel fundamental em modelar as escolhas e fornecer os alimentos mais adequados às crianças”.

“Mais do que propriamente algumas características genéticas ou hereditárias, o comportamento e aquilo a que a criança é submetida nos primeiros anos de vida, todo um ambiente, é essencial”, concluiu.

À Lusa, Andreia Oliveira adiantou que o grupo de investigação está já a fazer a avaliação “aos adolescentes com 13 anos” da Geração XXI, com o objetivo de “perceber se o efeito se mantém” e se as alterações metabólicas vão “representar doenças no futuro”.

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